Democracia

Num País do nosso imaginário, por milhões que fossem os partidos políticos, o que seria uma situação pluri-democrática salutar, “nunca jamais”, como diria o humorista, estes se deveriam substituir ao Povo que tudo ordena e por isso é soberano.

A soberania está assente e subjacente no Povo ordeiro, humilde e trabalhador, amante da Paz e que na política encontra a ponte imaterial para a definição de medidas práticas facilitadoras à materialização de todos os seus projectos rumo ao desenvolvimento.

Os partidos políticos seriam uma espécie de recipientes do mandato, simbolicamente, atribuído pelo voto do Povo para, em seu nome, realizarem a vontade soberana da maioria e nunca o inverso.

Ainda que o programa de governação proposto pelos partidos raie à quase excelência, em matéria de perfeição, só o Povo estaria em condições de o avaliar em termos de mais pratos de comida, mais capulanas, mais casas, melhor educação e saúde, mais e melhor água, menos má segurança, transportes públicos mais condignos, em suma, melhor qualidade de vida concederem à colectividade durante o cumprimento da nobre e sacrificada tarefa de governação.

Governar é, na sábia definição deste verbo, dada por Samora Moisés Machel, “ser primeiro nos sacrifícios e último nos benefícios”. A recíproca, nunca deveria acontecer, porque é uma missão e actividade em que o indigitado para a tarefa de zelar pelos interesses pátrios se anula a si próprio, cumprindo um verdadeiro e sério sacerdócio.

O mandato que o partido recebe do Povo para bem governá-lo só tem paralelo com o da mãe que recebe do seu filho recém-nascido a incumbência de o cuidar até se tornar auto-suficiente.

Mas, em alguns países imaginários, as pessoas formam muitos partidos para, mediante estes instrumentos, chegarem ao poder como fonte remota da sua acumulação primitiva. Para se servirem do cargo exercido para acesso aos benefícios presentes e futuros propiciados pela fácil locupletação, alcance e outras fraquezas, cuja consumação é beneplacitada pelos órgãos de soberania de fiscalização que agem em cumplicidade porque se alimentam da mesma coutada impunemente.

Só que Platão, o verdadeiro pai da economia porque em todo o seu pensamento filosófico elaborou teses tendentes a criarem o bem-estar do Homem ainda peregrinando na terra e não somente nas lonjuras imateriais celestiais, sempre defendeu que a democracia era a forma menos imperfeita de o Povo organizado em República atingir a quase plenitude da sua felicidade.

Adam Smith, na sua obra a “Riqueza das Nações” defendendo, dezenas de séculos mais tarde, o mesmo pensamento que Platão, deixa subjacente a ideia de Governos fortes serem aqueles que administram povos possuidores de riqueza material porque seus governantes fazem-no com sabedoria e respeitam o erário público. Este economista em sua teoria faz a advocacia, “a contrário sensu”, daquela postura errada assumida em muitas repúblicas imaginárias segundo a qual, por ser coisa pública, não tem dono e por isso acessível, de graça, a qualquer um os designados para ser dirigente nacional.

Unidade! Trabalho! Vigilância! Transparência! Humildade!

 

Autor: António Matabele

 

 

 

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