Depois das anedotas
Talvez muitos andaram perdidos e distraídos com as anedotas do Campeonato Mundial de Futebol que decorre na Rússia, até ao afastamento da prova das chamadas “selecções estrelas”, ao ponto de não se aperceberem que estamos, de novo, a ser empurrados para ao precipício.
Acredito que passada essa embriaguez colectiva podem voltar a colocar os pés no chão.
(In)Felizmente, resultado das décadas que já vivi, tenho um certo olhar das coisas passadas e decorrentes, e outra forma de perspectivar o que aí vem.
Me recordo muito bem que foi na manhã do dia 27 de Março de 2018 que perguntei ao senhor Cláudio Langa, quadro superior e veterano do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e porta-voz deste órgão ao qual labuta já lá vão uns 22 anos, se se podia fazer fé numa competição que se inicia antes do estabelecimento das respectivas regras.
A resposta do Langa foi evasiva, mas com clara tendência para me convencer de que no caso das eleições autárquicas de Moçambique deste 2018 devia crer. Mesmo sabendo que não fazia sentido a resposta dada, não alimentei discussão, porque acreditado na máxima segundo a qual “o tempo é o melhor juiz”.
Está(va)-se em pleno ciclo eleitoral autárquico neste Moçambique.
Todos acompanhamos a “aprovação” aos aplausos e abraços, dos integrantes das três bancadas parlamentares, da revisão da legislação eleitoral na Assembleia da República.
Depois assistimos ao adiamento da sessão extraordinária.
Depois vimos e vimos o Presidente da República a colocar aquela condição sine qua non e nesta quarta-feira (04Jul18) a Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou o adiamento do início da apresentação das listas de candidatura dos partidos políticos para as eleições autárquicas de 10 de Outubro.
O argumento oficial é de que os órgãos eleitorais aguardam que a Assembleia da República aprove uma nova legislação eleitoral para as autarquias, para que os partidos políticos, coligações de partidos políticos e grupos de cidadãos proponham candidatos ao escrutínio, de acordo com o porta-voz da CNE, António Cuinica.
Acredito que só quem ainda está entretido no Mundial/18 ou distraído noutras “malambas” da vida ainda não está assutado com o que aí poderá estar a vir.
Estramos numa situação de ou a RENAMO se desarma/é desarmada ou não há eleições para ninguém, como se todos os moçambicanos fossem da “perdiz”. Alguém pretenderá transmitir a ideia de que as eleições apenas interessam à RENAMO e aos seus seguidores?
Esperemos para ver e oxalá ainda haja alguma razoabilidade no sentimento para connosco que nada temos a ver com as encrencas dos políticos porque aqui, caso o caldo se entorne, não haverá espaço para recurso ao vídeo-árbitro simplesmente haverá choros e ranger de dentes, com suor e sangue preciosos a irrigar.
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 06 de Julho de 2018 na rubrica semanal TIKU 15!
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