Deputados à pancada

Deputados à pancada – Vários assuntos surgiram na minha mente esta semana, que incluem o reconhecimento do genocídio dos povos Herero e Nama, na Namíbia, pelo governo da Alemanha, que promete pagar 1.3 mil milhões de dólares norte-americanos de “reparação” pelo massacre dos dois povos nos anos 1904 e 1908, revelações de corrupção envolvendo afiliados do ministro sul-africano da Saúde, Zweli Mkhize, em tempo de pandemia numa altura em que o Presidente Ciryl Ramaphosa tenta varrer a casa depois da administração de Jacob Zuma. 

Entretanto, o caso da confrontação dos deputados africanos pelo “tacho” em Midrand, Norte de Joanesburgo, ganhou espaço de ser o primeiro assunto a ser abordado no Rancor do Pobre esta semana. O pugilato registado em Midrand é sinal generalizado de falta de respeito pelos africanos martirizados pela pobreza.

Em Moçambique, os chamados representantes do povo aprovaram por consenso na generalidade regalias de ouro para funcionários da Assembleia da República, quando a maioria dos funcionários públicos vive de salário de miséria sem regalias em Moçambique.

O parlamento africano foi criado em 2004 por orientação da cimeira dos chefes de Estado e governo da União Africana.

Desde a sua criação, o parlamento tem servido como simples órgão de consulta da União Africana sem poderes legislativos. Drena rios de dinheiro em despesas de sessões que se realizam duas vezes por ano sem qualquer benefício para os africanos.

A África do Sul diz que gasta pelo menos 250 milhões de randes (cerca de 1.159.780.000 meticais) cada vez que a escolinha parlamentar se reúne na vila de Midrand.

Este ano, o parlamento africano quer renovar a equipa de liderança escolhendo o presidente e seus coadjuvantes.

Representantes das regiões da África Ocidental e Oriental que sempre assumiram a presidência querem manter-se no poleiro que dá direito a tapete vermelho e tratamento VIP em África.

Os representantes da África Austral também querem o mesmo ”tacho e regalias” de serem tratados como Excelências continentais. Moçambique tentou sem sucesso concorrer com Eduardo Mulembwe há cinco anos, tendo ficado em segundo lugar com o cargo de vice-presidente.

A questão de fundo, porém, para a maioria dos africanos é a irrelevância do parlamento africano para os povos africanos flagelados por conflitos armados, pobreza, doenças endémicas e corrupção generalizada. Esta situação evidencia a falta de liderança pragmática e determinada em África em geral.

Os líderes africanos não têm coragem de dar poder ao órgão.

O jovem político sul-africano e líder do Combatentes da Liberdade Económica (em inglês: Economic Freedom Fighters, EFF) Julius Malema e companhia tentaram fazer justiça com as próprias mãos, exigindo a rotatividade da presidência do órgão. Todos querem “tacho” e tratamento VIP. 

A eleição do Presidente e seus coadjuvantes foi interrompida até Outubro. A corrupção, conflitos armados e abusos dos direitos humanos continuam com ou sem presidente do parlamento africano. (Deputados à pancada)

THANGANI WA TIYANI

Este artigo intitulado Deputados à pancada … foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 09 de Maio de 2021, na rubrica de opinião denominado O RANCOR DO POBRE

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