Deslocados e sedentos

Mais de 700 deslocados do conflito no centro de acomodação de Vanduzi, centro de Moçambique, estão sem água potável há quase duas semanas devido ao corte de fornecimento por falta de pagamento.

O corte foi avançado à Lusa por vários deslocados e confirmado pelas autoridades, atingindo 782 pessoas no centro de acomodação de Vanduzi, província de Manica, e que estão a recorrer a água imprópria para o consume humano, porque o fornecedor faltou o compromisso de reabastecer o reservatório.

No centro, de terra arenosa e escura, tem faltado água para a cozinha e higiene pessoal dos deslocados, e muitos recorrem a poços tradicionais e riachos.

“Desde a semana passada que não temos água, o que complica a vida num campo com aglomerados de crianças e adultos”, disse Fátima Saide, secundada por uma outra deslocada, Maria Johane, que descreveu a situação como “muito preocupante”.

O Governo, através do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) de Manica contratou, durante a criação do campo, um fornecedor, dada a problemática falta de água na região.

“Há dívida e isso faz faltar água desde a semana passada”, declarou Almeida Teixeira, delegado provincial do INGC em Manica, sem revelar o valor em causa, assegurando que o processo de pagamento já estava em curso.

“Deve ter havido uma falha no processo de pagamento, mas isso já vai ser corrigido”, prosseguiu Almeida Teixeira, referindo que a dívida era “insignificante” e que “o mais importante é colocar água e salvar vidas”.

O INGC paga 4700 meticais por cada abastecimento, mas o valor não estava orçamentado no plano de assistência aos deslocados, referiu o delegado do INGC, que disse estarem em curso negociações com parceiros para a instalação de um fontenário no campo.

O Governo abriu recentemente mais um centro de acomodação em Guro, totalizando actualmente cinco campos, com 643 famílias, que perfazem 3.147 pessoas, segundo dados do INGC.

Mas o número de deslocados deve ser superior, uma vez eu muitas famílias saíram das suas residências, desde a eclosão da crise política e militar em Junho, mas vivem fora dos centros de acomodação.

O centro e norte do país têm sido assolados por confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que exige governar nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

As partes voltaram ao diálogo em Maputo, mas não são conhecidos resultados nas negociações de paz.

Redacção & Lusa

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