Detidos três suspeitos de envolvimento em raptos

O Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) de Moçambique deteve três homens suspeitos de envolvimento em raptos ocorridos na capital, Maputo, anunciou hoje fonte oficial.

Dois dos detidos são suspeitos do rapto de uma criança de oito anos que ocorreu na sexta-feira no bairro do Jardim, na cidade de Maputo, disse o porta-voz do SERNIC, Hilário Lole, durante uma conferência de imprensa em Maputo.

A criança, raptada quando saía da escola, foi resgatada no domingo na casa de um dos suspeitos no bairro Unidade 07, na capital moçambicana, depois de a mãe ter denunciado o caso à polícia.

“A criança foi resgatada com saúde, está bem e já se encontra no convívio familiar”, disse Hilário Lole, acrescentando que foi também apreendida uma pistola dos raptores que se identificam como agentes da polícia moçambicana.

“Ainda iremos contactar o comando-geral assim como o da cidade de Maputo para aferir se realmente são efectivos”, avançou o porta-voz, referindo que houve uma troca de tiros entre a polícia e os suspeitos quando se resgatava a criança.

O terceiro homem foi detido por suspeitas de envolvimento em dois raptos ocorridos em Novembro e Dezembro de 2023.

“Este terá participado na execução destes dois raptos, dos quais já temos quatro indivíduos detidos e felizmente uma das vítimas acabou sendo resgatada no cativeiro em Dezembro”, disse Hilário Lole.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) registou um total de 185 casos de raptos e pelo menos 288 pessoas foram detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime desde 2011, anunciou em Março o ministro do Interior.

“Tudo indica que a cidade de Maputo apresenta maior tendência e incidência de casos criminais de raptos, seguida da província de Maputo e, por fim, Sofala, com registo de 103, 41 e 18 casos, respetivamente”, declarou Pascoal Ronda, em 19 de Março.

Segundo o governante, as tendências mostram um “comportamento decrescente” desde 2020, como resultado de “acções concertadas” das autoridades moçambicanas.

A onda de raptos em Moçambique tem afectado empresários e familiares, sobretudo pessoas de ascendência asiática, o que para as autoridades exige uma reflexão.

A maioria dos raptos cometidos em Moçambique é preparada fora do país, o que dificulta o combate a este tipo de crimes, disse em Abril, no parlamento, a procuradora-geral da República, Beatriz Buchili.

Na informação anual da Procuradoria-Geral da República (PGR) admite-se que “a cooperação jurídica e judiciária com a África do Sul, país vizinho e irmão, não tem corrido aos níveis necessários para combater este tipo de criminalidade, que afeta os dois países”.

A PGR enfatiza que foram submetidos 20 pedidos de extradição e auxílio judiciário mútuo há mais de um ano, incluindo de mandantes identificados de raptos, mas Moçambique não obteve resposta.

Destaca ainda os esforços em curso para a assinatura de um acordo de extradição entre Moçambique e África do Sul, visando o reforço da cooperação na luta contra a criminalidade organizada.

No relatório anual, a PGR aponta que em 2023 foram abertos sete processos-crime de rapto, uma queda de 53,3% em comparação com o ano anterior, em que foram registados 15.

Foi deduzida acusação em 12 processos e arquivados cinco, tendo nove transitado para este ano.

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