Diepsloot agitada

Diepsloot – Ao início da noite desta quarta-feira (06 de Abril), a polícia recorreu a disparos de granadas de efeito moral e balas de borracha, em Diepsloot, Município da cidade de Joanesburgo, para dispersar a concentração de residentes locais que chamavam a si a responsabilidade de se autodefenderem, alegadamente por inoperância das autoridades, face ao aumento de casos criminais.

Os manifestantes acusam, também, alguns agentes da polícia local de corrupção.

Na intervenção policial houve feridos e detidos, cujos números não foram revelados.

Os residentes locais, concentrados defronte da esquadra policial, pelo segundo dia, diziam estar cansados de sofrer actos criminais, que incluem roubos e assassinatos, ante o suposto olhar impávido e sereno das autoridades policiais.

Alegam que somente na semana passada foram mortas sete pessoas na zona.

Como sempre, apontam o dedo acusador aos “estrangeiros”[sobretudo os zimbabweanos] a quem exigem a sua retirada incondicional.

Questionado sobre como sabia que eram “estrangeiros” os promotores dos crimes, um dos manifestantes disse “eles [os estrangeiros] não possuem nenhum documento de identificação e nenhuma impressão digital pode ser rastreada”.

Nhlanhla ‘Lux’ Dlamini, líder da “operação Dudula”, marchando contra estrangeiros na RSA

Um outro residente de Diepsloot queixou que “somos estuprados e os criminosos não são presos. Não sabemos para onde são levados os casos que apresentamos na esquadra. Julgamos que deveriam mudar o comandante local”, sugeriu.

Nesta tentativa de bloquear toda a zona de Diepsloot, os moradores contaram com a presença e apoio do líder da “operação Dudula”, Nhlanhla ‘Lux’ Dlamini, conhecido por ser aversão aos imigrantes.  Dlamini foi conduzido para uma zona onde vivem supostos indocumentados.

A suposta manifestação se caracterizada por bloqueio dos principais acessos a Diepsloot e queima de pneus, factos que obrigaram à mobilização de um contingente policial, que acabou recorrendo a granadas de efeito moral e balas de borracha para dispersar a multidão furiosa.

Esta acção da polícia seguiu-se à curta presença em Diepsloot do Ministro Bheki Cele, que se dirigiu a esquadra local para se inteirar dos acontecimentos.

Cele disse que pelo menos 50 elementos da equipa policial de resposta táctica vão permanecer em Diepsloot e que 16 veículos da polícia serão estacionados na delegação local. O Ministro teria sido conduzido para o local onde supostamente foram mortas as sete pessoas, na semana passada.

Cele prometeu que esta sexta-feira (08Abril2022), o Ministro do Interior, Aaron Motsoaledi, que lida com questões de imigração, vai se deslocar a Diepsloot para se inteirar da situação dos “estrangeiros indocumentados”.

Após a dispersão dos revoltantes reiniciou a circulação normal de viaturas e a vida tende a voltar também ao normal, mas com sinais claros de que a tensão ainda persiste.

Diepsloot [em Afrinkaans significa “vala profunda”] é um Município densamente povoado, com cerca de 140 mil habitantes, e com marcas visíveis de pobreza.

RAULINA TAIMO, em Pretória

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