Dois ministros internados
Dois ministros que testaram positivo ao coronavírus estão hospitalizados desde segunda-feira. Trata-se de Samson Gwede Mantashe, Ministro das Minas ou Recursos Minerais e Energia, e Thulas Nxesi, Ministro do Trabalho e Emprego.
A hospitalização dos dois ministros foi oficialmente anunciada pelo ministro na presidência, Jackson Mthembo, que em seguida desejou rápidas melhoras aos dois governantes.
A Ministra da Defesa e Veteranos Militares, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, recuperou da COVID-19, depois de vários dias de auto-isolamento em casa com o marido Charles Nqakula, que foi Ministro de Defesa e Embaixador da África do Sul em Moçambique.
Segundo Jackson Mthembo, o Ministro Gwede Mantashe testou positivo com a sua esposa na semana passada e ficou em auto-isolamento em casa, mas nesta segunda-feira o seu médico aconselhou-lhe a ser internado numa unidade sanitária para melhor atenção. Situação similar aconteceu com o Ministro do Trabalho e Emprego, Thulas Nxesi.
Com mais de 374 mil casos positivos e 5173 óbitos, a África do Sul e o país mais infectado por coronavírus em África.
Entretanto, os 99 mineiros moçambicanos que regressaram nesta segunda-feira à África do Sul para retomarem actividades laborais se mostram apreensivos com crescentes casos de coronavírus, mas dizem que não têm alternativa de emprego para sustentar suas famílias em Moçambique.
Os cerca de 100 trabalhadores fazem parte dos 3.300 mineiros que regressaram à casa em Moçambique na véspera da entrada em vigor do confinamento geral na África do Sul em Março passado, quando as actividades laborais foram suspensas no âmbito das medidas de prevenção de coronavírus.
A fronteira entre os dois países foi encerrada e eles aguardaram por novas ordens. As suas respectivas companhias continuaram a pagar salários. Agora são chamados em números relativamente pequenos a regressarem ao trabalho.
Os cerca de 100 mineiros é o quarto grupo, sendo que o primeiro de 218 trabalhadores retornou na primeira semana deste mês, estando ainda em quarentena de 14 dias em Joanesburgo.
De uma forma geral os mineiros disseram que estavam satisfeitos em regressar ao trabalho, mas apreensivos com a situação de coronavírus na África do Sul, país mais infectado no continente africano.
Benedito António Zunguze, da província de Inhambane, disse que tem nove pessoas, incluindo sua esposa, que dependem dele, pelo que mesmo sabendo que a situação não é boa na África do Sul não pode fazer nada por causa da pobreza.
Albano Filipe Livange, com sete pessoas na sua conta, também disse que não tem alternativa de emprego em Moçambique.
A Directora Nacional do Trabalho Migratório reconhece que a situação de coronavírus é mais grave na África do Sul em relação a Moçambique. Alice Saide afirmou que os mineiros não são obrigados a ir a África do Sul, mas tem relação de trabalho com a companhia.
O processo de retorno de todos os mineiros à África do Sul poderá terminar em Setembro próximo.
Oficialmente a fronteira de Ressano Garcia permanece encerrada há cerca de quatro meses para prevenção de coronavírus.
Entretanto, os governos dos dois países acordaram que somente carga comercial, produtos essenciais, incluindo medicamentos, e pessoas devidamente autorizadas em situação de saúde ou de emergência podem atravessar para um ou para outro lado.
Pedro Pene, Chefe do posto da Migração de Ressano Garcia, disse que as orientações estão a ser rigorosamente cumpridas.
O chefe do posto revelou que pelo menos 10 corpos de pessoas vítimas de diversas doenças passam pela fronteira em média por semana vindos da África do Sul para Moçambique e para Malawi.
Segundo Pedro Pene, desde a entrada em vigor do estado de emergência em Moçambique entraram três corpos das vítimas expressamente de coronavírus, sendo dois vindos da África do Sul e um da Ásia.
O retorno dos mineiros aos postos de trabalho é um processo excepcional acordado pelos dois países, observando rigorosamente as medidas de prevenção de coronavírus, que incluem uso de máscara, desinfecção superficial do recinto de atendimento, lavagem das mãos e distanciamento.
A indústria mineira sul-africana emprega 450 mil trabalhadores, dos quais 44 mil estrangeiros e destes 20.810 são moçambicanos.
Fontes do Conselho das Minas, antiga Câmara das Minas com mais de 70 companhias mineiras, dizem que mais de 600 mineiros, incluindo moçambicanos estão infectados pelo coronavírus nas minas.
THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL