E agora, sr. Presidente!
Sr. Presidente – A semana laboral que hoje termina foi fértil em eventos mediáticos, todos eles pouco abonatórios para a imagem de Moçambique, como país.
De todos eles dois avultaram: o “caso Macossa” e as extravagâncias da luxúria dos governantes encabeçados por si, senhor Filipe Jacinto Nyusi, na qualidade de Presidente da República de Moçambique e Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Sobre o “Caso Macossa”: qualquer casal deste país tem o seu direito a se trair e brigar, seja lá por que motivo for, mas convenhamos: há casais e casais.
Mas, quando se fala de violência doméstica – porrada e fuga às responsabilidades conjugais – envolvendo um procurador e uma mediática agente da Lei e Ordem, por ser porta-voz desta corporação, da qual Sua Excelência é Comandante-em-Chefe, hummmm…
Sendo, Sua Excelência, magistrado-mor deste país e Comandante-em-Chefe das FDS, irá deixar que o procurador e a porta-voz se mantenham firmes e hirtos nas suas posições?
A ser assim, vou acreditar naqueles que dizem que Moçambique é um simples local, uma simples circunscrição onde campeiam burlas eleitorais, guerras estúpidas e paz podre, a prazos, e não um país onde as respectivas estruturas são uma anedota.
Não gostaria, sinceramente, que isso fosse verdade/realidade porque aqui nasci, vivo e orgulho-me de ser moçambicano.
Sobre a luxúria automóvel: Senhor Presidente, vai dizer que não está(eve) a par dessas aquisições ou alinhar naquela ladainha insultuosa que atabalhoadamente nos pretendem impingir que estamos a fazer confusão sobre os dados em presença porque não sabemos ler nem contar?
Haja alguma consideração, por favor!
Ou temos mesmo de acreditar naqueles que dizem que Moçambique é um local com realidades diferentes para cidadãos que, à luz da Constituição da República de Moçambique (CRM), têm direitos iguais perante a lei?
Terei de acreditar nos que dizem que os discursos oficiais são mera falácia para entreter aqueles que mesmo quando fornicados pela carestia da vida se limitam a teclar nas redes sociais e estilhaçam o pouco que possuem em bebedeiras nos leilões de álcool 3/100 e traições nos numerosos escondidinhos que pululam por este país fora?
É que oficialmente o país está em crise e deve observar uma política de contenção de despesas e aumentar a produção, teoria que em nada condiz com estas tresloucadas compras.
Posto isto, vai, Senhor Presidente, deixar que tudo fique na mesma ou estará a confirmar o que se propala de que há muito atirou os seus discursos públicos para a lata de lixo?
Se essa tese é de simples boateiros acredito que o senhor Presidente vai tomar alguma atitude em defesa dos seus “patrões”!
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do Correio da manhã no dia 03 de Novembro de 2017, na rubrica semanal TIKU 15!