Eardley-Taylor: Gas Summit
Eardley-Taylor – O Standard Bank acredita que Moçambique tem potencial para competir, nos próximos anos, com os maiores produtores de gás natural, e fornecer 25% do total da quantidade deste importante recurso energético necessário a nível mundial até 2040.
Para chegar a esta conclusão, o banco teve em conta a localização geográfica do País, que o permite abastecer as bacias do Atlântico e do Pacífico a partir do Índico, as enormes reservas de que é detentor, bem como a crescente demanda por este recurso, associada à tendência mundial de substituição das energias fósseis pelas tidas como “mais limpas”, como é o caso do gás natural.
A mudança da geopolítica mundial foi, também, outro aspecto tido em conta nesta análise, apresentada por Paul Eardley-Taylor, director de petróleo e gás para a África Subsaariana do Grupo Standard Bank, durante a sexta edição da Mozambique Gas Summit, tida recentemente lugar em Maputo, um evento anual que reúne, no mesmo espaço, tomadores de decisão nacionais da área do gás e investidores locais, regionais e internacionais para discutirem as diversas oportunidades que o País oferece neste sector.
Para Paul Eardley-Taylor, “Moçambique está no centro do mundo. É um dos poucos produtores de gás natural liquefeito que pode atingir as bacias do Atlântico e do Pacífico a partir do Índico e é uma fonte de energias mais limpas à medida em que o mundo avança para o carvão em substituição pelo gás. É, de facto, algo inédito”.
“O mundo está a precisar de muito mais Gás Natural Liquefeito (GNL) e cremos que Moçambique poderá contribuir, ao lado dos outros gigantes, para a resposta a esta enorme e crescente demanda, apesar de a Rússia e o Qatar, por exemplo, estarem a aumentar a sua capacidade de produção”, referiu Paul Eardley-Taylor.
Entretanto, o especialista alerta para a necessidade de não se olhar somente para o gás como o único recurso que pode conduzir o País ao desenvolvimento. É necessário apostar, também, em sectores transversais e vitais da economia, sendo um deles a agricultura.
Apontou, por exemplo, as necessidades das multinacionais envolvidas na exploração do gás natural como um dos factores que podem contribuir para a atracção de investimentos e dinamizar o sector agrícola.
“Quando iniciar a produção do Gás Natural Liquefeito (GNL) a contribuição da agricultura para o Produto Interno Bruto (PIB) deverá baixar, por isso temos que aproveitar esta janela de dois ou três anos para transformar o sector, antes que os outros projectos de GNL iniciem a produção. Só para alimentar os trabalhadores envolvidos na construção das infraestruturas dos projectos de GNL, as multinacionais vão precisar, por exemplo, de dois milhões de ovos por mês, que por sua vez necessitam de 60 mil frangos a colocarem ovos mensalmente. Só isso é suficiente para que nos foquemos não só na agricultura, como em outros sectores como a avicultura”, sublinhou o especialista.
Na opinião de Paul Eardley-Taylor, a revitalização do sector agrícola deve ser feita em paralelo com a produção de fertilizantes (a partir do gás) e na melhoria dos canais de distribuição, para permitir que o País tire vantagens da Zona de Comércio Livre em África, que aguarda aprovação.
“Moçambique tem uma oportunidade única para ser o líder da Zona de Comércio Livre em África. O País pode fornecer gás, fertilizantes e produtos agrícolas a outros países africanos. Isso aconteceu, com sucesso, na União Europeia”, explicou Paul Eardley-Taylor, que apontou o Brasil como um dos países que podem ajudar Moçambique neste aspecto.
“O Brasil já empreendeu uma das maiores transformações agrícolas de todos os tempos. Moçambique e Brasil são parceiros naturais e podem, juntos, abraçar este projecto”, concluiu.
Na ocasião, Paul Eardley-Taylor falou também da experiência do Grupo Standard Bank no financiamento de projectos na área do gás, sendo prova disso os prémios de Melhor Banco de Investimento, atribuídos pela revista Global Finance.
Importa realçar que a Mozambique Gas Summit, do qual o Grupo Standard Bank é um dos patrocinadores, é organizada anualmente, desde 2015, pela CWC, uma firma inglesa que actua no sector de energia, em parceria com a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), com o suporte do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CNH) e Instituto Nacional do Petróleo (INP).
(Correio da manhã de Moçambique)