East3Route: novo figurino
Novo figurino, diferentes protagonistas e calendário, mas com o mesmo propósito é o que caracteriza, actualmente, a iniciativa East3Route, iniciada em 2011 e envolvendo apenas a região sul-africana de KwaZulu-Natal (KZN), Moçambique e o Reino da Suazilândia.
Era o concretizar de um velho sonho do então presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, da África do Sul, Thabo Mbeki, e do monarca suázi, Mswati III, conjecturado década antes e amadurecido posteriormente em reuniões sucessivas de oficiais dos três países.
Realizado geralmente em Outubro de cada ano, sob a batuta do dinâmico ministro do Desenvolvimento Económico e Turismo de KZN, Michael Mabuyakhulo, à terceira edição já contava com a adesão formal das ilhas Seychelles e o interesse expresso da província sul-africana de Mpumalanga, de Angola e do reino montanhoso encravado na África do Sul, o Lesotho.
Eram, anualmente, caravanas extensas de aproximadamente 100 viaturas e perto de 300 excursionistas, entre operadores turísticos, governantes e jornalistas de Seychelles, Moçambique, Suazilândia e KZN que percorriam os três últimos territórios em jornadas rápidas e em algum momento caracterizadas por alguns sinistros.
Alguma crítica começou a assinalar a pouca rentabilidade deste figurino que, aparentemente, terá ditado o recuo das Seychelles e o desinteresse de Angola e do Lesotho em aderir plenamente ao movimento.
Com as mexidas governamentais na África do Sul e que atingiram Mabuyakhulo, as caravanas do East3Route cessaram de 2016 a esta parte.
Este Fevereiro deste 2018, o East3Route foi retomado, em Mbombela (antiga Nelspruit, capital de Mpumalanga), mas já num novo figurino: diferentes protagonistas, novo calendário, mas com o mesmo propósito e a África do Sul a entrar como tal e não apenas KZN.
Busi Buthelezi, gestora do grupo que organizou a iniciativa East3Route deste 2018, era uma mulher feliz no último dia do evento que no primeiro dia envolveu 100 delegados, 81 no segundo e 128 no terceiro, num esforço que disse ter globalmente absorvido cerca de 500 mil randes, contra os perto de 18 milhões de randes que em média custava cada edição no formato anterior, até 2013 integralmente suportados pelo Governo de KZN.
Um seminário de Investimentos na esfera do turismo entre os dias 19 e 23 de Fevereiro e algumas visitas a locais de interesse turístico caracterizaram a edição deste ano do East3Route, que reuniu representantes de 15 países de diversas regiões do mundo e na qual foi notória a ausência das Seychelles “por falta de condições”, segundo Buthelezi.
Para além dos países integrantes do East3Route (Moçambique, África do Sul e Suazilândia), estiveram presentes no seminário de investimento de turismo a Palestina, Brasil, Malaui, Tanzânia, Mali, Tunísia, Etiópia, Sri Lanka, Maurícias, Zâmbia, República Democrática do Congo e Guiné Equatorial.
“Issh! Até parece uma verdadeira passerelle”, exclamou um colega jornalista da vizinha Suazilândia, cada vez que eram referenciados orçamentos estatais dos países representados no certame.
A título ilustrativo, a poderosa vizinha República da África do Sul reservou, em 2017, apenas para a promoção externa do turismo 1,1 bilião de randes (Cm N.º 5264, págs. 1, 2 e 3), a Suazilândia três milhões da dólares norte-americanos para todas as campanhas promocionais dentro e fora do reino.
Cristiano Araújo Borges, coordenador-geral de produtos turísticos do Ministério do Turismo do Brasil, disse ao Correio da manhã/Prestígio que o seu país reservou, em 2017, “apenas USD 50 milhões para a promoção do turismo no exterior por causa da crise política” que o país vive(u).
Trezentos milhões de dólares norte-americanos é o orçamento anual que desde 2017 é reservado pela Guiné-Equatorial, de acordo com Catalina Martinez Tsumu, secretária de Estado Encarregada de Turismo, que chefiou a comitiva do seu país ao encontro de Mbombela.
“Estamos apostados em diversificar as nossas fontes de receitas e o turismo é um dos nossos grandes focos. É nesse contexto que estamos a construir vários e luxuosos hotéis”, gabou-se Tsumu.
Nuno Fortes, responsável pelo serviço de promoção no Instituto Nacional do Turismo (INATUR) de Moçambique, indicou ao Correio da manhã/Prestígio que são destinados para o seu sector trezentos mil dólares norte-americanos/ano para promover a imagem do país como destino turístico.
“Estamos aqui para conhecer o terreno e trazer turistas e levar turistas africanos para o Sri Lanka”, disse Waruna Samaradiwakara, secretária do Ministério do Desenvolvimento do Turismo e Assuntos Religiosos daquele país que também reserva uma média anual de USD 300 milhões para a promoção turística dentro e fora de portas.
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 08 de Março de 2018.
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