Educação cívica
Educação cívica, quase cíclica como a lista de equipamento elaborada pelos órgãos eleitorais em cada pleito, são duas figuras que devem ser exclusividade de Moçambique, ou de poucos outros países.
Alusivo ao ciclo eleitoral em marcha, teve, oficialmente, início, no passado dia 08 deste Abril, mais uma campanha de “educação cívica” que, todos sabemos, é mera forma de esbanjar dinheiro que tanta falta faz.
Voto desde 1994, mas não o faço como resultado de “educação cívica”, e acredito que mais de 90% dos que votam o fazem por iniciativa própria e não por conta da dita “educação cívica”.
Aliás, sempre o disse e repito, aqui e agora, a nulidade deste exercício.
Mais agravante ainda é o “grupo-alvo” desta acção.
No meu modesto entender, havendo necessidade de se esbanjar dinheiro com esta alegação, bem podiam faze-lo, mas tendo outro destinatário.
O povo faz recenseamento e vota não por conta da dita “educação cívica”, pois se dela [“educação cívica”] esperasse/dependesse, a avaliar pela forma como os “educadores cívicos” trabalham…
O povo faz fila e vota ordeiramente sem a dita “educação cívica”.
Os prevaricadores em processos eleitorais são outros e bem identificados. Esses sim, precisam de campanhas de educação cívica, a saber:
– Aqueles que sempre dizem estar preparados para dirigir o processo eleitoral e na hora H contam “filmes”
– Aqueles que dizem que o recenseamento eleitoral e a votação em si vão decorrer sem sobressaltos e na hora H nos dão “baile”
– Aqueles que criam e fomentam confusão com os chamados “grupos de choque”, compostos maioritariamente por delinquentes, durante a campanha eleitoral.
– Aqueles que se aproveitam da desgraca do pacato cidadão para, em troca de camisetas, capulanas, comida e/ou bebidas, arregimentam-no para as suas caravanas tresloucadas durante a campanha eleitoral
– Aqueles que adulteram o sentido de voto
– Aqueles que perseguem/atacam rivais durante a campanha eleitoral
– Aqueles que seviciam eleitores de assembleia de voto e arredores
Esses sim, são alguns dos que precisam de campanhas de “educação cívica” e não o cidadão comum, que se rege por uma urbanidade espantosa para muitos dos dirigentes políticos apenas ávidos de confusão, violência, sangue e adulteração da vontade popular.
Por mim, seriam bastantes campanhas partidárias na comunicação social a apelar ao censo e participação eleitoral, custeados pelos interessados, e não o Estado a financiar práticas que se sabe nulas e irrelevantes.
Afinal porque não se seguem exemplos menos onerosos ou sem custos como, por exemplo, tornar obrigatório o voto para todos os maiores de 18 anos ou coisa parecida e sairmos definitivamente desta burla chamada “educação cívica”?
É que há coisas que irritam, sabem!
De parvo o povo não tem nada, apesar de alguns assim julgarem.
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 12 de Abril de 2019, na rubrica semanal denominada TIKU 15!
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