Em dez anos – PMI aposta no fim do tabagismo
A Phillip Morris International (PMI), uma das maiores empresas de tabaco do mundo, continua firme no seu objectivo de se libertar do negócio de produção de cigarros dentro dos próximos dez anos, contribuindo, no seu entender, para um ambiente mais saudável.
Falando no dia 31 de Outubro, numa conferência dirigida a jornalistas de 30 países no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa em Neuchatel, na Suíça, o Presidente do Conselho de Administração, Jacek Olczak, disse que há alguns anos que a PMI definiu a sua missão como sendo a de tornar o cigarro obsoleto, e que é possível alcançar esse objectivo dentro dos próximos dez anos.
Acrescentou que o cigarro é muito mau para a saúde, mas que havia pessoas que mesmo sabendo disso, não conseguem parar de fumar.
Olczak defende que a decisão mais correcta é as pessoas deixarem de fumar, ou mesmo nunca adquirir o vício, mas que para aqueles que não conseguem tomar essa decisão, deve-lhes ser dada a oportunidade de usar métodos e dispositivos que lhes causem menos danos à saúde.
Apontou que a opção por mecanismos alternativos ao cigarro estava a ganhar espaço no mundo, e que a PMI estava a intensificar as suas acções de investimento no desenvolvimento de produtos que permitem aos fumadores fazerem a transição para hábitos menos prejudiciais.
Apontou que no Japão, por exemplo, mais de 30 porcento de fumadores fizeram a transição, e que a tendência tem estado a crescer. Acrescentou que para esta transição, a PMI está a investir 10 biliões de dólares.
“Já não é mais um caso de se as alternativas ao fumo são melhores do que o consumo de cigarros; é uma questão de por quanto”, disse Olczak. “Com base nos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras entidades, o nosso modelo hipotético mostra que se assumirmos que os produtos livres do fumo são 80% menos prejudiciais que os cigarros – e se as pessoas que actualmente fumam tivessem de se mudar completamente para eles – então, ao longo das suas vidas, existe um potencial para a redução em dez vezes no número de mortes relacionadas com o consumo de cigarros. Embora este método de estimativas tenha algumas limitações, dá para mostrar o custo da ausência de qualquer acção. É tempo de trabalhar com vista a um objectivo comum de formulação de políticas que tornem os cigarros um artefacto da história”.
A PMI defende que os produtos alternativos ao cigarro não são totalmente inofensivos, mas que para os que não conseguem parar de fumar, eles são menos prejudiciais. Eles não produzem fumo e não libertam o alto nível e número de substâncias químicas potencialmente nocivas, como no cigarro.
Grégoire Verdeaux, vice-presidente da PMI para as relações externas, foi moderador de um debate sobre o que significaria o sucesso na regulação sobre alternativas ao fumo do cigarro. Citando alguns países como exemplos, defendeu a necessidade de abordagens inclusivas e inovadoras que complementem outras medidas de controlo do tabaco.
Verdeaux apontou que o número de fumadores ao nível global manteve-se inalterável nos últimos 30 anos, tendo alertado para a próxima sessão da Conferência das Partes (COP10) da Convenção-Quadro da OMS para o Controlo do Tabaco, que terá lugar em finais de Novembro no Panamá, como uma oportunidade crucial para reduzir a prevalência do tabagismo.
A sessão, disse Verdeaux, “poderá servir de oportunidade para juntar todas as partes interessadas para a avaliação de uma abordagem mais global sobre a ciência das alternativas ao fumo, e estabelecer directrizes que possam impulsionar os métodos de redução de danos para as centenas de milhões de fumadores em todo o mundo”.
Tommaso Di Giovanni, vice-presidente da PMI para a comunicação, deu uma apresentação sobre o que pode ser feito para encorajar a inovação na indústria do tabaco, e fez uma actualização sobre as ambições da PMI de se tornar um negócio completamente livre do cigarro, com as receitas relativas a produtos livres de fumo a constituírem actualmente mais de 36% dos seus resultados líquidos.
Gizelle Baker, vice-presidente da PMI para o desenvolvimento científico, e Luca Rossi, vice-presidente para a tecnologia de processamento, fizeram uma demonstração do rigor e da transparência envolvidos na abordagem científica da PMI. Eles tentaram dissipar mitos em torno da nicotina, enfatizando que a combustão do tabaco é a principal causa de doenças relacionadas com o consumo do tabaco.
“A ciência em torno de produtos livres do fumo já não é uma questão de debate. Vastos e rigorosos estudos já demonstraram que, comparada com o consumo do cigarro, a mudança a favor de produtos livres do fumo resulta numa significativa redução quanto ao risco de doenças relacionadas com o fumo”, disse Baker.
Para Stefano Volpetti, presidente para produtos de inalação sem fumo e provedor de consumidores, “nenhum fumador deve ficar para trás”.
“Os consumidores têm o direito a uma informação credível sobre estes produtos e como acedê-los”, disse Volpetti. “Este direito deve ser exercido a par da necessidade de proteger grupos vulneráveis como a juventude. Sendo que bloquear o acesso aos jovens deve ser sempre uma prioridade, abordagens proibitivas contra alternativas sem fumo para todos os fumadores podem resultar na perpetuação do cigarro, no lugar de os ajudar a transitar para uma alternativa sem fumo e menos prejudicial”.