Escola Internacional REGS em reunião desde segunda-feira
Arrancou, segunda-feira, 21 de Agosto, na Universidade Politécnica, o encontro da Escola Internacional REGS, uma plataforma de diálogo, intercâmbio, integração e solidariedade entre estudantes de pós-graduação, representantes de organizações da sociedade civil e responsáveis por políticas públicas, organizado em parceria com a Rede de Conhecimento sobre o Direito à Educação no Sul Global (REGS) e a Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
O encontro, que decorre sob o lema “O Direito ao Ensino Superior no Sul Global: Horizontes, Disputas e Significados”, visa a troca de conhecimento e experiência sobre a situação actual dos sistemas de educação no Sul Global, as desigualdades que afectam o acesso e a permanência dos estudantes no ensino superior, assim como as oportunidades existentes para a introdução de melhorias.
Visa, igualmente, contribuir para a construção de redes de académicos, activistas sociais e representantes de políticas públicas interessados na democratização do ensino superior, numa perspectiva de justiça social e equidade.
A cerimónia de abertura foi dirigida pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Daniel Nivagara, que fez uma apresentação sobre o “Acesso ao Ensino Superior em Moçambique: Uma Análise a Partir de Alguns Dados Estatísticos”, tendo na ocasião considerado que, apesar dos avanços registados, o país ainda precisa de envidar esforços para aumentar progressivamente o acesso ao ensino superior, por via de políticas ou de acções próprias das instituições de ensino superior.
Esses esforços, de acordo com o governante, “devem ser acompanhados por medidas que assegurem cada vez mais equilíbrio regional, de género e de diversos géneros do saber, com ênfase nas ciências, tecnologias, engenharias e matemática, assim como pela promoção contínua da qualidade por parte das instituições”.
“A abertura para a participação do sector privado, na criação de instituições de ensino superior, deve ser considerada como uma oportunidade para o alargamento do financiamento privado ao ensino superior”, acrescentou Daniel Nivagara, para quem o ensino superior precisa de se despir de uma visão mercantilista para que se assegure a sua relevância no contexto nacional.
A problemática da qualidade e do acesso ao ensino superior não constitui preocupação somente em Moçambique, razão pela qual a Universidade Politécnica tem envidado esforços no sentido de alargar a sua rede de cooperação inter-universitária ao nível do país, região e de outros continentes, conforme explicou o respectivo reitor, Narciso Matos.
“A nós nos move o interesse de alargar a nossa rede de cooperação inter-universitária entre a nossa universidade, as universidades moçambicanas e de outros continentes, que trabalham sobre os mesmos problemas em que nós trabalhamos. Nós organizámos este evento porque queremos aprender, criar laços de trabalhos futuros entre as várias instituições. Queremos aprender dos outros o que tem vindo a ser feito pelos nossos colegas”, disse.
Na ocasião, o director científico da Escola Internacional REGS, Pablo Vommaro, defendeu a necessidade de se continuar a trabalhar, aprofundar, ampliar e fortalecer o direito à educação, dada a prevalência de desigualdades e ameaças à sua massificação e exercício.
“Estamos num mundo em que se registam muitos conflitos, guerras, desigualdades educacionais, culturais, raciais, entre outras. Uma das ferramentas para vencer as desigualdades e construir sociedades mais democráticas e mais igualitárias é apostar na ampliação e fortalecimento do direito à educação”, sublinhou.
Pablo Vommaro apontou como exemplo a América Latina, onde “o direito à educação não está ameaçado somente por alguns movimentos repressivos que não querem ampliar o direito a toda a sociedade. Querem que o direito à educação seja mais reduzido. Temos experiência disso na América Latina. Há grupos e governos repressivos e autoritários, que restringem os direitos, no lugar de ampliá-los”.
O evento, que se realizará até ao dia 25 de Agosto, conta com a participação de docentes, investigadores, estudantes de pós-graduação, representantes de governos, fazedores de políticas públicas, activistas e membros de organizações da sociedade civil de 12 países da América Latina, África do Sul e dos Estados Unidos da América.
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