Estado da nação: Oposição
Os partidos da oposição com assento parlamentar em Moçambique manifestaram-se hoje insatisfeitos com o discurso do estado da nação do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, considerando que se tratou de uma apresentação cheia de intenções e expressões lacónicas.
“Nós estávamos à espera de acções concretas, mas o que ouvimos foram intenções”, disse à imprensa Ivone Soares, chefe da bancada da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, à margem do discurso anual sobre o estado da nação apresentado por Filipe Nyusi no parlamento.
Para a chefe da bancada da Renamo, apesar de Filipe Nyusi ter “tocado um pouco” nos temas mais importantes da actualidade, o seu discurso não apresenta soluções concretas para o fim do conflito político e militar no país, “expectativa de todos os moçambicanos”.
“O Presidente disse que o estado da nação continua firme, mas firme em quê?”, questionou a chefe da bancada do maior partido da oposição, acrescentando que a única nota de esperança do discurso de Filipe Nyusi reside na abertura que manifestou para dialogar com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
“É necessário exigir que aquilo que ele disse hoje seja realmente feito”, afirmou Ivone Soares, observando que a prioridade de Filipe Nyusi devia ser retirar as tropas governamentais que estão na serra da Gorongosa, no centro do país, onde presumivelmente está o líder da Renamo.
MDM
Por sua vez, Silvério Ronguane, deputado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força política moçambicana, disse que o discurso não foi ao encontro das expectativas do povo moçambicano, considerando-o cheio de expressões lacónicas e que pouco acrescenta.
“O chefe de Estado não é um jornalista, mas sim alguém que deve zelar pelo bem-estar dos moçambicanos. Não basta estar cheio de expressões lacónicas, nós já não queremos palavras, queremos atitudes”, afirmou Silvério Ronguane, que entende que a intolerância política que persiste em Moçambique revela que o país ainda tem muitos desafios pela frente.
“Depois de ouvir o discurso, a pergunta que se coloca é: estamos firmes em quê? Na fome, na guerra?”, questionou também Silvério Ronguane, observando que a resolução da crise política e militar que opõe o Governo moçambicano e a Renamo passa pela adopção de um modelo de diálogo inclusivo.
O Presidente moçambicano considerou hoje que 2016 foi um ano marcado por “muitas tormentas” e pelo efeito combinado da crise económica e política, mas que “o estado da nação mantém-se firme”.
Redacção