Estado em julgamento
A Comissão Judicial de Inquérito sobre corrupção, fraude e Estado Capturado durante a governação de Jacob Zuma por interesses privados está em sessão de julgamento há duas semanas na África do Sul.
Três “testemunhas de ouro” prestaram declarações e não pouparam palavras. Disseram que durante a governação de Zuma, o trio de irmãos da família milionária Gupta, de origem indiana, dava ordens a tudo e a todos no governo e nas instituições do Estado sul-africano.
Duas testemunhas acusaram em audiências separadas o trio de irmãos Gupta de ter lhes oferecido cargos de ministros das finanças e das empresas públicas no governo chefiado por Zuma.
Uma das testemunhas que era vice-ministro das Finanças foi oferecido 600 mil randes cash para aceitar o cargo de Ministro das Finanças e depois teria outros 600 milhões de randes depositados na sua conta local ou em Dubai.
Mcebisi Jonas recusou tudo e denunciou a máfia que capturara a governação do país mais poderoso de África.
Os irmãos Gupta queriam favores na atribuição de projectos multimilionários de fornecimento de bens e serviços do Estado na África do Sul.
Uma antiga deputada do ANC disse que foi oferecida cargo de Ministra das Empresas Públicas em troca de favores para a rota aérea África do Sul-Índia.
No Sistema de Informação e Comunicação do Governo, equivalente a GABINFO em Moçambique, falou-se de terror durante o reinado de Faith Muthambi, então Ministra das Comunicações da África do Sul.
A instituição não tem director-geral efectivo há seis anos desde que saiu Jimmy Manyi, considerado aliado estratégico de Jacob Zuma na ligação de serviços da Media com os irmãos Gupta.
Os três irmãos abriram canal de televisão e jornal diário à custa de publicidade drenada por empresas do Estado.
Com a descoberta do escândalo das suas influências corruptas, o trio abandonou o país e vendeu o canal de TV e o jornal, mas logo depois este fechou as portas por falta de fundos e o canal televisivo está em banho-maria. O inquérito vai durar pelo menos 24 meses.
Perante a montanha de corrupção e tráfico de influências no país mais poderoso de África, há gente que questiona se Moçambique e Angola não terão sido capturados em algum momento durante a governação de Armando Emílio Guebuza e de José Eduardo dos Santos, respectivamente.
Moçambique foi mergulhado numa crise financeira profunda por conta das dívidas contratadas à revelia do Parlamento nos últimos anos do consulado de Guebuza, marcados por arrogância e desinformação do G40 em defesa do patrão.
Angola está quase na mesma situação de Moçambique. Caudais de rios de petro-dólares que nasciam e desaguavam na família de Zé Dú minguaram depois da sua saída do poder.
Apenas falta ver os Guptas de Angola e de Moçambique na Comissão Judicial de Inquérito para paziguar espíritos d’ O Rancor do Pobre.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 05 de Setembro de 2018 na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE. Caso esteja interessado em receber regularmente a versão PDF do jornal Correio da manhã manifeste esse desejo através de um correio electrónico para corrreiodamanha@tvcabo.co.mz, correiodamanhamoz@tvcabo.co.mz, ou geral@correiodamanhamoz.com.
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