Estilo de vida de dirigentes
Estilo de vida – A África do Sul é o país mais industrializado e rico no continente africano, com muitos multimilionários brancos e negros do que em qualquer outro país de África, mas também com maiores desigualdades socioeconómicas do Mundo.
No debate do discurso do Estado da Nação 2018, o Presidente Matamela Cyril Ramaphosa defendeu a necessidade da realização de auditoria ao estilo faustoso de vida de dirigentes a todos os níveis de governação.
Para Ramaphosa, um antigo empresário multimilionário, há exagero no estilo de vida de alguns dirigentes no meio da maioria pobre.
A ostentação exagerada da riqueza, através de marcas de carros, roupas, palácios residenciais particulares por alguns dirigentes públicos, levanta suspeitas sobre a origem da riqueza.
Os salários dos funcionários sul-africanos do Estado, desde o Presidente da República até aos deputados, são conhecidos publicamente e não têm qualquer relação com a riqueza ostentada por alguns dirigentes.
Durante a semana passada, o Presidente Cyril Ramaphosa mandou devolver um cheque de 2,5 milhões de randes (equivalente a aproximadamente 13,7 milhões de meticais) de empresas públicas que patrocinaram um evento desportivo de golfe destinado à angariação de fundos para a Fundação Ramaphosa de apoio aos necessitados.
Ramaphosa disse que as empresas públicas estão no vermelho e tecnicamente falidas por causa da corrupção e não podem patrocinar eventos com fundos públicos.
O canal privado da televisão eNCA noticiou em rodapé no sábado passado (03Mar.18) que as autoridades angolanas estão a investigar a filha do antigo Chefe do Estado, José Eduardo dos Santos, transformada em mulher mais rica de Angola.
No Zimbabwe, os filhos de Robert Gabriel Mugabe estão igualmente na mira das investigações por causa da ostentação da riqueza no meio da extrema penúria que provocou o êxodo de centenas de milhares de zimbabueanos para a África do Sul e para outros países.
O reitor da universidade estatal do Zimbabwe está na barra da justiça por ter apadrinhado a concessão de doutoramento à então primeira-dama Grace Mugabe depois de poucos meses de aulas que normalmente duram anos de trabalho e de pesquisa científica.
O marido, Robert Gabriel Mugabe, considerado estadista mais diplomado do Mundo, era o presidente da referida universidade. A esposa passou a ostentar publicamente o título académico de doutora, mas sem douto merecido.
Em Moçambique, um dos países mais pobres do Mundo, um punhado de gente ligada à nomenclatura política faz ostentação à luz do dia com impunidade.
Os dirigentes fazem ouvidos de mercador aos apelos para auditoria ou investigação da origem da riqueza em circulação nas estradas esburacadas.
Alguns dirigentes de instituições públicas continuam a viajar na business class entre Joanesburgo e Maputo ou vice-versa ou para outras paragens sem dom nem piedade.
O povo – patrão de Filipe Jacinto Nyusi na Chefia de Estado – deve apertar o cinto e comer tseke, porque o país está em estado de contenção sem prazo.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 07 de Março de 2018, na rubrica semanal RANCOR DO POBRE.
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