Exterminado o “Guebuzismo”?
A consagração de Filipe Nyusi e as suas novas peças no xadrez partidário da Frelimo, saída de fresco do seu 11.º Congresso, não deixa de suscitar curiosidade, naquilo que se pode considerar de ter sido a primeira grande machadada ao “Guebuzismo”!
Mas antes, vamos por partes, nas calmas, tentando explicar o que é, ou o que foi o “Guebuzismo”. Matias Guente, editor executivo do semanário Canal de Moçambique, definiu num brilhante texto a figura de “Gueus”, no auge da deusificação da sua figura, não fosse ele um comum mortal, que chegou a ser tido por alguns dos seus pares como “O Guia incontestável de todos nós”!!!
Para esse editor “G” era Guebuza no estado de “Deus”…
Nessa era o “Guebuzismo”, na sua fase mais exponencial, teve no deusificado e na sua própria voz as respostas para as críticas que lhe eram desferidas por canais lúcidos e serenos da intelectualidade moçambicana.
Termos como “tagarelas”, “apóstolos da desgraça”, “inimigos do desenvolvimento” foram alguns por si usados como resposta para quem ousou criticar a sua governação.
Porque aqui é chamada a reflexação ao “Guebuzismo”? Por conta da eleição de um novo Comité Central, Secretariado e uma Comissão Política, a medida de Filipe Nyusi que, como dissemos semana passada, elevou bastante a fasquia no que tange ao combate à corrupção.
Nos primeiros dias da chancelaria do “Guebuzismo”, o combate à corrupção também tinha sido eleito como o cavalo de batalha e “o deixa-andar” tinha sido sentenciado à execução na praça pública!
O que se viu nos últimos dias dessa chancelaria foi um festival de ilegalidades com requintes de corrupção desenfreada, onde a soberania foi o meio usado e a riqueza absoluta o fim único para a consagração de uma elite decadente, que a única coisa que têm é o dinheiro….
Nyusi mostrou neste congresso que aprendeu muito do “Guebuzismo” em Muchara e nos dias subsequentes e, na sua vez, mostrou ao seu antigo tutor de licenciatura em ciência política que ele é agora mestre com distinção.
Na nossa óptica, o “Guebuzismo” tem raízes tentaculares e que o seu combate e suas práticas implica uma coragem sem freios, numa luta em que naturalmente haverá mortos, feridos e desaparecidos, tal como acontece nas revoluções.
Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: Como se extermina o “Guebuzismo”?
LUÍS NHACHOTE
Este texto foi publicado em primeira mão na versão PDF do Correio da manhã no dia 06 de Outubro de 2017, na rubrica semanal DO LADO DA EVIDÊNCIA