Falhamos como nação

Falhamos como nação

Moçambique, desde a sua independência em 1975, foi conduzido sob a liderança do partido FRELIMO, que outrora representou um movimento de libertação cheio de esperanças e promessas para a nação. 

A princípio, a FRELIMO trouxe o sonho de um país livre, onde o povo teria voz e liberdade para construir um futuro melhor. Contudo, ao longo das décadas, o que se seguiu foi uma série de falhas, erros e abusos que nos levaram a uma realidade marcada por frustrações, desigualdade, corrupção e uma constante manipulação das aspirações populares.

A censura e repressão à liberdade de expressão

Uma das maiores falhas é a repressão sistemática ao pensamento crítico e à liberdade de expressão. Sob o regime da FRELIMO, Moçambique passou a conviver com censura e perseguições a vozes dissidentes. 

O controle estatal sobre os meios de comunicação e a censura a jornalistas e activistas têm sido evidentes, dificultando a criação de um espaço público de debate e uma sociedade civil verdadeiramente activa. Muitos moçambicanos que ousam falar sobre os problemas do país enfrentam represálias, ameaças e até mesmo a prisão, o que impede que a população exerça plenamente o direito à liberdade de pensamento e opinião.

A corrupção e a falta de transparência

A corrupção generalizada dentro do governo e em várias esferas públicas é outro aspecto de nosso fracasso colectivo. Recursos destinados ao desenvolvimento social e econômico são desviados, enquanto uma pequena elite próxima ao poder se beneficia. 

O caso das “dívidas ocultas” foi apenas um exemplo de como a FRELIMO tem se mostrado incapaz de agir em prol dos interesses do povo, optando por proteger seus interesses e os de seus aliados. Esse ambiente de impunidade e enriquecimento ilícito alimenta a desconfiança e a apatia entre os cidadãos, que muitas vezes se sentem impotentes diante das injustiças e da falta de transparência nas decisões políticas.

Eleições fraudulentas e erosão da democracia

O sistema democrático moçambicano tem sido corrompido por sucessivas fraudes eleitorais que colocam em dúvida a legitimidade das lideranças. Eleições, que deveriam ser o reflexo da vontade popular, têm sido manipuladas, com denúncias frequentes de irregularidades. 

Essa prática mina o sentimento de pertencimento e participação do povo na construção do país, gerando desânimo e desconfiança no sistema. Ao invés de promoverem a alternância democrática, as eleições se tornaram instrumentos de perpetuação do poder da FRELIMO, fazendo com que muitos moçambicanos se sintam como espectadores de uma democracia ilusória.

Falta de investimento em educação e saúde

A falta de investimento adequado em sectores fundamentais, como a educação e a saúde, é outra marca desse fracasso. O povo moçambicano precisa enfrentar condições precárias em hospitais, com falta de medicamentos e estruturas inadequadas, e um sistema de ensino público incapaz de oferecer qualidade e acesso igualitário. 

Esse abandono dos sectores básicos dificulta o desenvolvimento humano e perpetua ciclos de pobreza e desigualdade, impedindo que gerações de moçambicanos tenham a oportunidade de construir um futuro digno.

O silenciamento da juventude e o desemprego

Outro ponto crucial é a ausência de políticas para a juventude e a falta de oportunidades de emprego, principalmente em regiões mais pobres e afastadas dos grandes centros, como o distrito de Mecuburi. 

A juventude moçambicana, que deveria ser o motor de desenvolvimento e inovação, enfrenta falta de oportunidades, um sistema de educação deficiente e poucos mecanismos de apoio para o empreendedorismo. A FRELIMO não tem dado prioridade para investir nos jovens, levando-os muitas vezes à marginalização ou à migração para outros países em busca de uma vida melhor.

O papel das mídias sociais e a resistência popular

Apesar das dificuldades e desafios, as mídias sociais têm se tornado uma ferramenta crucial para a resistência e a manifestação de pensamentos e opiniões. 

Por meio dessas plataformas, muitos moçambicanos conseguem se expressar, denunciar injustiças e organizar movimentos de contestação ao regime. Contudo, mesmo nas redes, o governo busca controlar e monitorar a actividade dos cidadãos, limitando o potencial dessas ferramentas de fortalecer a participação cívica e a democracia.

Por fim,

Se falhamos, é porque a nação como um todo não conseguiu construir um modelo que realmente represente e defenda os interesses da população. 

O regime da FRELIMO, que deveria ter se tornado uma força de união e progresso, acabou se transformando numa barreira para a realização dos sonhos do povo. Resta-nos agora reflectir e lutar para que as falhas de hoje não continuem a perpetuar o sofrimento e a desesperança do amanhã. 

Para além da crítica, é essencial que todos assumam um papel de responsabilidade e compromisso, exigindo, pacificamente, mudanças reais e concretas que possam levar Moçambique a um futuro mais justo e democrático. Reflictamos como moçambicanos despindo-se da capa partidária.

 JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

https://www.facebook.com/Redactormz

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