Faz de contas: as máscaras do poder em Moçambique

Faz de contas que temos um Presidente da República eleito por um processo eleitoral justo e transparente que nos seus dois mandatos, já prestes a findar, acelerou o Produto Interno Bruto (PIB), hoje Moçambique tem o maior da África.

Faz de contas que quando a Frelimo assumiu o poder em 1975 desdobrou-se para melhorar o estado de saúde de todos os sectores do Governo. E os funcionários destes sectores passam oito horas por dia, de segunda a sexta-feira, trabalhando em comunhão para alavancar a economia e o bem-estar do povo moçambicano.

Faz de contas que os quase 50 anos de governação do partido Frelimo erradicaram a pobreza e melhoraram todos os sistemas de educação no país. E nas universidades públicas não se paga propinas semestrais como em outros países e todo moçambicano tem a possibilidade de cursar o ensino superior.

Faz de contas que eles estão alheios à corrupção e nem estão arrolados a processos judiciais lá no exterior por desvios de fundos. Faz de contas que as acusações envolvendo os membros do partido Frelimo e do seu Governo no desvio de mais de 2,7 mil milhões de dólares norte-americanos do Estado são falsas. E o partido Frelimo não fez negociatas com lobistas e nem é amigo de Iskandar Safa.

Faz de contas que não estão envolvidos no negócio internacional de tráfico de drogas e que nem esconderam o FUMINHO, um dos maiores traficantes de drogas ligado à maior facção criminosa do Brasil, o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Faz de contas que os nossos órgãos de justiça não funcionam em defesa dos membros do partido Frelimo e os 19 arguidos arrolados, julgados no Tribunal Judicial da Cidade de Maputo em 2021 por envolvimento no processo de dívidas ocultas, foram condenados com penas exemplares e faz de contas que devolveram os activos financeiros aos cofres do Estado.

Faz de contas que o desemprego em Moçambique está no nível mais baixo em relação a outros países do cenário mundial.

Ó meu querido leitor, faça, por favor, de contas que os problemas no ensino, saneamento, saúde, habitação e transportes não estão sendo agravados e nem afectados pelo aumento populacional. E que o Governo não culpa sempre as catástrofes como os ciclones Idai, João e Zé pela degradação das infra-estruturas do país.

Você devia fazer de contas também que os apoios e donativos que recebemos dos países “mais ou menos ricos” que nem Moçambique, em resposta aos desastres naturais que desde 2019 assolam o país, são distribuídos equitativamente pelo povo e nem os desvíamos para suprir as nossas reuniões e/ou congressos no partido.

Os concursos públicos de atribuição de bolsas de estudo pelo Instituto de Bolsas de Estudo (IBE) têm sido mais transparentes, menos corruptos e mais acessíveis ao cidadão comum que não tem vínculo com o partido no poder. É claro fazendo de contas, né…

Enfim, vamos todos fazer de contas que tudo que vivemos em Moçambique é a luxúria no seu ápice e que, passando disso, só nos céus. Faz de contas que não precisamos de uma alternância governativa, porque o partido Frelimo somos todos nós, e todos nós somos a Frelimo.

Fui!

ANTÓNIO DAMIÃO

Este artigo foi publicado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 18 de Março de 2024, na rubrica OPINIÃO.

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