FIJ condena ataque

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) condenou  o ataque, na sexta-feira, a veículos em que seguiam jornalistas dos canais públicos Televisão de Moçambique e Rádio Moçambique, atribuído a homens armados da Renamo, principal partido de oposição.

“A IFJ/FIJ condena a tentativa de assassínio de jornalistas em Moçambique e insta as autoridades para agirem com rapidez prendendo os atacantes”, refere uma nota publicada pela organização na sua página da Internet.

Na nota, a FIJ diz que o ataque foi perpetrado por homens armados, mas não faz qualquer referência à Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), à qual o Sindicato Nacional dos Jornalistas (SNJ) de Moçambique imputou a autoria do incidente.

O secretário-geral do SNJ, Eduardo João Constantino é citado pela LUSA a  afirmar que o repúdio manifestado pela FIJ contra a acção dos alegados homens armados da Renamo surgiu em resposta a uma queixa apresentada pela organização que representa os jornalistas moçambicanos.

“Na qualidade de membro da FIJ, o SNJ decidiu apresentar queixa e manifestar a sua indignação face a uma situação que indicia um atentado à Lei de Imprensa e configura crime de guerra”, disse Constantino.

O presidente do SNJ declarou que não há dúvidas de que o ataque foi perpetrado por homens armados da Renamo, apontando a alegada presença de membros do braço militar do principal partido de oposição no local onde ocorreu o ataque.

“Há dúvidas de que foram homens armados da Renamo? Para nós não há dúvidas, até porque no passado membros do partido já agrediram jornalistas, mesmo a cobrir campanhas eleitorais do próprio partido”, afirmou Constantino.

No ataque, um jornalista sofreu ferimentos ligeiros provocados por estilhaços de vidro do carro em que seguia, no âmbito de uma deslocação ao distrito de Macossa, província de Manica, centro do país, onde os jornalistas iam cobrir uma visita do Presidente moçambicano, Filipe Jacinto Nyusi.

Filipe Nyusi condenou o ataque e disse que “está a exagerar essa pessoa”, durante um comício em Espungabera, distrito de Mossurize, aludindo ao líder da Renamo, Afonso Marceta  Dhlakama, a quem acusou de estar a criar transtornos ao desenvolvimento do país.

O porta-voz da Renamo, António Muchanga, considerou forçada a imputação ao partido da autoria dos ataques à caravana de jornalistas, sugerindo que os tiros podem ter sido disparados pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS)  moçambicanas.

“Dizer que o ataque foi realizado pela Renamo é forçado, porque não há evidências disso, há muita indisciplina e até descontrolo no exército”, declarou Muchanga.

Sobre a queixa à IFJ, o porta-voz do principal partido de oposição disse que a organização terá de apresentar provas do envolvimento da Renamo no ataque.

Não basta meter queixa, é necessário apresentar provas e até agora não existem”, acrescentou Antonio Muchanga.

A cessação imediata das hostilidades é um dos quatro pontos de agenda em discussão entre Governo e Renamo, que retomaram dia oito deste Agosto as negociações de paz, após uma interrupção ocorrida a 27 de Julho.

A primeira fase das conversações da ronda em curso entre o executivo moçambicano e a Renamo tem sido, porém, dominada pela exigência da Renamo em governar nas seis províncias do centro e norte do país onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

 

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