Filipe Nyusi emite seu prognóstico sobre o futuro de Moçambique
O Presidente cessante de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, emitiu hoje o seu prognóstico sobre o futuro de Moçambique, justamente a ocorrer ainda este ano, após abandonar o cargo, dentro de dez dias.
Filipe Nyusi entende que há condições para “manter a paz” e a reconciliação em 2025, depois de mais de dois meses de violência pós-eleitoral que provocou quase 300 mortos e elevada destruição.
“Estamos a trabalhar para isso, eu acredito que o Governo vai continuar a trabalhar nesse sentido. E há condições, mas sobretudo há capacidade no seio dos moçambicanos para manter a paz”, disse Filipe Nyusi, após visitar a Comunidade de Santo Egídio, em Maputo, uma organização católica dedicada à caridade e à promoção da paz.
Em Moçambique, a Comunidade de Santo Egídio notabilizou-se por ter mediado o acordo geral de paz assinado em Roma, em 1992, entre o Governo moçambicano, do partido Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que terminou com uma guerra civil de 16 anos.
Após o anúncio dos primeiros resultados das eleições gerais de 09 de Outubro de 2024, Moçambique mergulhou em mais de dois meses de consecutivas paralisações e manifestações, que degeneraram em violência, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece aqueles resultados.
“Temos de encontrar uma saída”, respondeu ainda Nyusi, mas “sem dramatizar”, questionado pelos jornalistas à saída da comunidade, retorquindo tratar-se de um dia e de uma visita que não era para “fazer política” e sim para valorizar o trabalho, desde logo de reinserção social, realizado por aquela instituição.
O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou o dia 15 de Janeiro para a tomada de posse do novo Presidente da República – Daniel Francisco Chapo -, que sucede a Filipe Nyusi.
Em 23 de Dezembro, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Chapo, candidato apoiado pelo partido Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de Outubro.
Este anúncio levou de imediato a novos confrontos, destruição de património público e privado, manifestações, paralisações e saques, mas na última semana, sem novas convocatórias de protestos, a situação normalizou-se em todo o país.
Daniel Chapo, apontado pelo partido Frelimo como uma “proposta jovem” e que vai ser o primeiro chefe de Estado nascido após a independência, assumirá a Presidência moçambicana no ano em que o país assinala 50 anos de independência, um período marcado, entretanto, pela maior contestação aos resultados eleitorais desde as primeiras eleições, 1994.
A sua eleição é contestada nas ruas e o anúncio do CC aumentou o caos que o país vive desde Outubro, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – candidato que segundo o CC obteve apenas 24% dos votos, mas que reclama vitória – em protestos a exigirem a “reposição da verdade eleitoral, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
Mondlane, que lidera a contestação a partir do estrangeiro, afirmou, num dos seus directos na rede social Facebook, que vai [também] tomar posse no dia 15 de Janeiro e prometeu anunciar, com detalhes, a próxima fase das manifestações, que designou de “Ponta de Lança”.
Redactor