Finalmente

Finalmente chega ao fim, este sábado, o violento e sangrento período de campanha eleitoral, cá entre nós aparentemente tempo consagrado ao apregoar de mentiras, injúrias e ofensas de toda a índole, impunemente.

Infelizmente, esta campanha eleitoral parece que ficará nos anais da nossa curta história como épica pelos péssimos motivos: a mais violenta e sangrenta, com um saldo na casa dos 40 mortos, oficialmente.

Já era sem tempo. Tinha mesmo que terminar, porque até os próprios protagonistas já evidenciavam cansaço e já entravam em baboseiras nos seus ocos discursos, muitos deles de muito mau gosto e mal ensaiados, mesmo quando se trata(va) de meras imitações de quem, como criador da frase, com ela fez algum sucesso.

É que já começava a enjoar aquela de que até os telemóveis que compramos a preço de suor e sangue os temos graças a eles… para não falar da repetitiva “OU NO É? ”, ou o insistente “NO É FREDADE?”, sem esquecer aquela do outro que fala nos apontando vigorosamente com o dedo indicador, nos prometendo “ACABAR COM TODAS AS BRINCADEIRAS”.

Deixemos o quarto elemento em paz, que ele próprio sabe que é um “fora do jogo”, portanto, não quis se chatear lá tanto com este processo com resultados já conhecidos, sendo a única incógnita os respectivos números oficiais e as reacções aos mesmos.

Finalmente, nós logramos chegar ao fim desta tragicómica etapa, porque outros nossos concidadãos nem sequer tiveram a oportunidade de assistir a este triste espectáculo ou se o viram começar não foram a tempo de testemunhar o seu deslinde, porque a mãe natureza ou os esquadrões da morte, agora que é público quem eles são, se bem que meio mundo não se surpreendeu da revelação pública dos respectivos mentores e tutores.

Na verdade, mesmo numa relação a dois esta é dada como morta e enterrada quando já não existe o efeito surpresas, muito menos capacidade para impressionar, e tudo acontece na base de coação ou fingimento.

Deste processo eleitoral agora se seguirá a etapa presumivelmente mais rocambolesca e dramática, a avaliar pelo “contar das espingardas” dos principais contendores.

Se já se partia com muito inquinado por causa do imbróglio de Gaza, apimentado pelas escaramuças na mesma província, alegações de obstruções em outros pontos, assassinatos e destruições, com apelos ao “controlo dos votos” ao mais alto nível de uma das partes, prontamente respondida pelo chefe da polícia, a dizer que essa atitude era ilegal e não seria permitido. Apenas podemos esperar pelo vê se te avias, com as fabulosas verdinhas do oil & gas em perspectiva, todos eles estarão dispostos a tudo mais alguma coisa.

Com a violência que caracteriza esta campanha prestes a terminar, associada a cavadas suspeitas de fraude e elevados níveis de desconfiança sobre as instituições eleitorais, parece estar mais que claro que as condições estão preparadas para tudo dar

Só me resta ficar no meu cantinho e rezar a todos os santos para que ninguém comece, porque aquele que tinha carisma de dizer um STOP e era obedecido, de um dos lados, já não existe, e não acredito que uma vez desencadeadas as hostilidades, de forma aberta, haverá capacidade para pô-las termo.

Oremos para que haja bom senso em ambas as partes, porque caso contrário de novo nós, os martirizados, uma vez mais choraremos baba e ranho!

Fica feio quando pessoas adultas falam bonito e agem feio, muito feio, até se esquecendo de que todos estamos debaixo do Sol de passagem e daqui partiremos para o além de mãos vazias, como viemos.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 11 de Outubro de 2019, na rubrica semanal denominada TIKU 15!

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