FMI regressa a Moçambique

Uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) vai deslocar-se a Maputo em Setembro ou Outubro para avaliação das contas públicas de Moçambique, após o caso das dívidas escondidas, avançou o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário.

“Até Stembro ou Outubro, eles [FMI] virão e vamos tomar os passos seguintes para que que Moçambique seja relançado no mercado mundial”, afirmou o Primeiro-Ministro,  citado na emissora pública de rádiodifusão, no final de uma visita de quatro dias à província de Niassa, no norte do país.

O escritório do FMI em Maputo apenas referiu que a visita da missão pode acontecer no final de Setembro, mas salientou que não há datas fechadas e que a deslocação, neste momento, ainda é “uma possibilidade”.

O Governo moçambicano reconheceu no final de Abril a existência de dívidas fora das contas públicas de USD1,4 mil milhões, justificando com razões de segurança e infraestruturas estratégicas para o país.

A revelação de dívidas com aval do Governo, contraídas entre 2013 e 2014, levou o FMI a suspender um empréstimo a Moçambique.

O grupo de 14 doadores do Orçamento do Estado também suspendeu os seus pagamentos, uma medida acompanhada pelos EUA, que anunciaram a revisão do seu apoio bilateral.

“Estamos num bom caminho em termos de restabelecimento da confiança com os parceiros da cooperação internacional, principalmente com o FMI, que é um grande sinalizador para o exterior”, considerou Carlos Agostinho do Rosário, nas suas declarações perante empresários da província de Niassa.

O primeiro-ministro lembrou que o Governo e o FMI acordaram os passos necessários para o restabelecimento da confiança, insistindo que “os indicadores que existem são de que sim, Moçambique está num muito bom caminho”.

Com a revelação dos empréstimos, a dívida pública, segundo assumiu recentemente o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, atingiu 86% do Produto Interno Bruto (PIB) e traduz uma escalada de endividamento desde 2012, quando se fixava em 42%.

Em Maio, a Mozambique Asset Management (MAM), uma das empresas beneficiadas pelos créditos ocultos, falhou o pagamento da primeira prestação de USD 178 milhões.

O Governo moçambicano declarou entretanto que a MAM procurava renegociar a dívida, que totaliza USD 535 milhões de dólares com os credores, mas não são ainda conhecidos resultados.

A directora-geral do FMI, Christine Lagarde, declarou numa entrevista à BBC que a suspensão do apoio a Moçambique foi motivada por sinais claros de corrupção escondida.

Na visita de uma delegação a Maputo em Junho, o FMI defendeu uma auditoria internacional e independente ao serviço da dívida moçambicana, mas Filipe Nyusi condicionou posteriormente esta recomendação aos resultados das averiguações da Procuradoria-Geral República e e do parlamento.

A Procuradoria-Geral da República abriu um processo no âmbito deste caso e o parlamento constituiu uma comissão de inquérito para investigar as dívidas que foram garantidas pelo Governo sem aval dos deputados, contrariando a legislação em vigor.

As principais agências de notação financeira baixaram os ‘ratings de Moçambique e avisam para o risco de o país entrar em incumprimento com os credores.

 

 

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *