Frelimo cria “saco azul”
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, acusou hoje a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) partido no poder, de ter obrigado entidades públicas a criar um saco azul no Nosso Banco, liquidado este mês.
Falando hoje no parlamento em nome da bancada da Renamo, o deputado António Muchanga afirmou que o Governo da Frelimo obrigou o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) e a Eletricidade de Moçambique (EDM) a injectarem capital no Nosso Banco, criado em 2001, para beneficiar os acionistas minoritários ligados ao partido no poder.
“O INSS [accionista maioritário] não aproveitou nada destes negócios, quem tirou proveito foram os dirigentes da Frelimo, eles é que foram os verdadeiros beneficiários disto tudo”, disse Muchanga.
Para a Renamo, o Banco de Moçambique (BM) deve divulgar os nomes dos devedores do Nosso Banco e responsabilizar os gestores da instituição por alegada gestão criminosa.
“O povo e as instituições deste país foram burlados”, afirmou.
Frelimo tranquila e tranquiliza
Por sua vez, Damião José, deputado da Frelimo, defendeu que o Governo moçambicano tranquilizou os moçambicanos ao prestar hoje no parlamento informações claras sobre a solidez do sistema bancário nacional.
“Esta é a postura responsável que este Governo tem seguido, apesar de contrariedades próprias do processo”, declarou.
Por seu turno, João Lobo, deputado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, defendeu que a liquidação do Nosso Banco lançou pânico nos utentes do sistema financeiro moçambicano, considerando que as entidades públicas que injetaram capital naquela instituição saíram prejudicadas.
“O INSS é o maior perdedor desta jogada toda”, considerou Lobo.
Ministra do Trabalho
A ministra do Trabalho de Moçambique, Vitória Digo, disse hoje que o INSS recapitalizou por duas vezes o Nosso Banco, mas nunca teve nenhum dividendo, e era também depositante na instituição.
Dando informações à Assembleia da República sobre a participação do INSS no Nosso Banco, em que entrou em 2001 como fundador e accionista maioritário, com 25%, Vitória Diogo afirmou que a entidade que gere as pensões dos trabalhadores moçambicanos injectou mais de 131 milhões de meticais (1,68 milhões de euros) em 2006, passando a deter 66,03%, e 313 milhões de meticais (quatro milhões de euros), em 2014, aumentando a sua quota para os actuais 77,20%.
“De referir que 2001 a 2016, o INSS nunca recebeu quaisquer dividendos do extinto Nosso Banco”, frisou.
Além do INSS, o Nosso Banco tinha como accionistas a empresa pública Eletricidade de Moçambique, 22%, a SPI, uma sociedade associada ao partido Frelimo, partido no poder, com 4,0%, Alfredo Kalisa, um investidor de nacionalidade ruandesa, com 1,9%, e por uma sociedade constituída por 12 pequenos investidores, incluindo figuras do partido no poder, com 1,57, segundo dados prestados pelo ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane.
REDACÇÃO