Funeral oficial para filho
Funeral oficial para filho de reacionário – O Presidente Samora Machel disse em entrevista ou num comício popular que a História é História, a História regista.
De facto, a História de Moçambique regista muitos factos que incluem a passagem dos portugueses por Moçambique a caminho da Índia e o início da colonização portuguesa. Registou lutas de resistência à penetração colonial portuguesa, massacre de Mueda, formação nacionalistas e a fundação da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) da qual foi membro Uria Simango.
A História registou o início da luta de libertação nacional em 25 de Setembro de 1964 e assassinato de Eduardo Mondlane em Dar-Es-Salam, Tanzania, na residência de Betty King através de bomba escondida num livro. Mondlane era Presidente da Frelimo.
A História registou que na sequência da morte de Eduardo Mondlane, a Frelimo formou triunvirato composto por Uria Simango, Marcelino dos Santos e Samora Machel para dirigir o movimento enquanto preparava o processo de substituição de Mondlane. A História registou que Uria Simango, então Vice-presidente do movimento de libertação, foi acusado de colaborar com portugueses e considerado reaccionário.
Foi julgado, condenado e executado com a sua esposa por um pelotão de fuzilamento deixando três filhos, um dos quais Daviz Simango nascido em 1964 pouco antes do início da luta armada de libertação nacional.
A Frelimo compôs uma canção, nunca banida oficialmente, muito menos proibida, dizendo:
“Simango reaccionário, reaccionárioooo… Simango reaccionário.
Simango, hoyee, reaccionário, hoyee Simango reaccionário”.
A canção era cantada em reuniões da Frelimo e nas escolas nos primeiros anos da independência nacional.
Sem recurso a armas de guerra e violência, o filho de Simango vingou-se conquistando corações de muita gente residente na Beira, segunda maior cidade do pais.
Como militante da RENAMO, depois de passar pelo PCN, Simango filho foi eleito Edil da Beira. Teve problemas com Afonso Dhlakama, então líder da Resistência Nacional Moçambicana e foi expulso. Concorreu como candidato independente a Edil da cidade da Beira e ganhou. O filho do reaccionário foi o único político que até agora concorreu e ganhou eleições como candidato independente na história de Moçambique.
Foi nomeado Conselheiro do Estado pelo Presidente Filipe Nyusi.
Entretanto, Daviz Simango perdeu a guerra pela vida e teve funeral oficial no qual o Presidente da República, Filipe Nyusi, por sinal líder da Frelimo, a mesma que mandou fuzilar o pai de Daviz Simango, fez discurso de elogio fúnebre ao filho do reaccionário. O pai foi enterrado numa vala comum como reaccionário algures na província do Niassa.
Dos quatro presidentes da Frelimo e Chefes de Estado de Moçambique, desde 1975, Filipe Jacinto Nyusi e o único que reconciliou parte da história política do país dando funeral oficial a filho de um reaccionário. A História é História, a História regista.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 03 de Março de 2021, na rubrica de opinião denominado O RANCOR DO POBRE
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