Gato é gato
Gato é gato – A democracia está em teste descomunal, em seu próprio “berço”.
Debaixo de uma cavada discórdia indisfarçável e sob um manto de uma incontrolável pandemia (covid-19), os norte-americanos foram esta semana às urnas. E, como poucos podiam imaginar até há pouco, espantosamente por lá também se fala de “fraude eleitoral” e há ameaças/receios de violência pós-eleitoral, armada incluída. Quem diria!
Impressionante nisto tudo é ver muitos não norte-americanos, não residentes nos EUA, inclusive, a “se bater a cabeça” sobre quem deve ou não vencer o pleito. Neste grupo estão nacionais de um país onde meia centena de almas sucumbiu no mar fugindo à morte brutal, e poucos disso por esse país se fala…
Cá por mim, um vencedor democrata ou republicano é, na mesma, um vencedor norte-americano. A diferença, cá para a minha ignorância, é que uns são hipócritas e outros fingidos. Mas gato é gato, seja ele preto, castanho ou branco: caça ratos.
É que estive aqui a recuar um pouco a fita do filme já assistido e, de repente, fui ver que Samora Moisés Machel, um presidente negro africano que dirigiu Moçambique seguindo uma política de inspiração marxista-leninista, sendo recebido pela primeira vez, de forma efusiva, na Casa Branca, por Ronald Wilson Reagan, um republicano.
Me recordei, ainda, que Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti, do Iraque, foi confrontado e liquidado fisicamente por dois Bushs’s, (pai e filho) republicanos.
Mas, igualmente, me recordei, também, que o africano Muammar Mohammed Abu Minyar al-Gaddafi, que muitos de nós conhecemos, foi derrubado e morto por uma coligação militar liderada por um presidente norte-americano negro e de descendência africana, de nome Barack Hussein Obama.
Posto isto, sou movido a entender que não há diferenças substanciais, tirando alguma retórica, entre republicanos e democratas. Julgo que para os norte-americanos, basicamente o princípio (América Primeiro) é o mote que apimenta o Sonho Americano. A diferença é que uns proclamam e fazem enquanto que outros fazem e se mantêm calados.
Resumindo, eu cá estou me nas tintas para quem ganha ou perde as eleições nos EUA porque no meu ignorante entendimento gato é gato: caça ratos, e “má nada”.
A novidade destas eleições norte-americanas é que vieram deixar cair a máscara e fico sem saber se amanhã haverá moral nos yankees para continuar a falar de eleições livres, justas e transparentes noutros paragens, enquanto eles próprios, que se dizem pais e docentes de democracia, colocam em causa um sufrágio eleitoral. Se até nos States a democracia hesita e claudica, é porque está doente e se tornou uma banal formalidade. E os porcos estão a mandar um sorriso sarcástico. Os próximos festivais eleitorais em muitas paragens serão verdadeiras orgias a céu aberto. Mais nada haverá por temer porque a imoralidade é, afinal, generalizada.
Vamos cair na real irmãos: estamos num mundo cão e não vale apenas fingir: gato é gato: caça ratos
REFINALDO CHIENGUE
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 06 de Novembro de 2020, na rubrica semanal TIKU 15
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