Governo moçambicano nega disparos contra jornalistas
Como moçambicano, é preocupante ver mais uma vez o Governo negando de forma convicta incidentes em que a liberdade de imprensa e a segurança dos jornalistas são postas em risco. A manifestação do dia 21 de Outubro de 2024, organizada por cidadãos descontentes com o governo, trouxe à tona mais um episódio de tensão nas ruas de Moçambique e relatos indicam que jornalistas que cobriam os protestos foram alvo de disparos.
Embora o governo tenha prontamente desmentido esses relatos, afirmando que não houve disparos, o que muitos de nós testemunhamos ou soubemos por meio de vídeos e redes sociais mostra uma outra realidade. A falta de transparência e a insistência em desmentir situações que ocorrem a olhos vistos levanta dúvidas sobre o compromisso do governo com a verdade e a proteção dos direitos dos cidadãos. Estaria o governo na sua maior miopia ou é a escolha de cegamento mental? O que pretendem ao configurar narrativas dessa forma?
O papel da imprensa é fundamental para informar a população e garantir que a verdade prevaleça. Se os jornalistas estão a ser ameaçados ou impedidos de exercer suas funções, como podemos, como cidadãos, ter confiança de que a verdadeira situação do país está a ser reportada? Esses acontecimentos reforçam a necessidade de um diálogo aberto sobre o uso da força em manifestações e a proteção dos direitos de todos os envolvidos, incluindo jornalistas.
Até quando seremos silenciados? Como podemos assegurar que o direito à informação e a liberdade de imprensa sejam respeitados em nossa democracia? São perguntas que precisamos fazer, tanto como indivíduos quanto como sociedade. Ou o estado moçambicano tem duas constituições, uma legal e a outra de um partido político, que chamaríamos constituição da república do partido?
É revoltante ver o governo de Moçambique negar algo tão grave como os disparos contra jornalistas durante as manifestações do dia 21 de Outubro de 2024.
Como cidadãos, sabemos que a violência contra jornalistas não é apenas um ataque a profissionais da comunicação, mas uma agressão directa ao direito à informação e à liberdade de expressão, pilares de qualquer democracia.
Negar esse incidente é ignorar as evidências e o sofrimento daqueles que arriscam suas vidas para expor a verdade. O governo deveria estar comprometido em proteger o direito à manifestação pacífica e a integridade dos jornalistas, em vez de tentar silenciar a verdade com desmentidos.
Essa postura não só enfraquece a confiança nas instituições, mas também envia uma mensagem perigosa de que aqueles que buscam a verdade serão desprotegidos ou até mesmo alvos de represálias. Se realmente queremos construir uma nação democrática e justa, é necessário que o governo assuma responsabilidade por seus atos, investigue as alegações com seriedade e garanta que abusos como esses não sejam varridos para debaixo do tapete.
Um governo descompromissado, não deve ser confiado, pois mostra fragilidade e incongruência para além de não ter um plano com o povo. Não se nega o aparecimento do chifre numa impala e nem se esconde.