Governos fomentadores

Governos fomentadores  – Infelizmente, os nossos governos, desde o golpe de Estado de 1980, e os mais ávidos e anti-patriotas com o advento do multi-partidarismo, foram e são governos fomentadores da corrupção extrema, do empobrecimento e divisão das nossas populações, empurrando para o abismo a nossa querida Guiné-Bissau.

Explico-me:

1. Um Estado é um conjunto de instituições que têm como principal vocação, a criação de riqueza, que é a condição sine qua non para que haja desenvolvimento sustentável para o país e o bem-estar para a população;

2. No Estado, o Governo é a instituição responsável pela gestão corrente de todas as actividades económicas, infraestruturas, profissionais e sociais, geradoras de rendimento e riqueza para o país, ou seja, tem o poder de regrar e organizar a sociedade para que haja criação de riqueza;

3. Ora, os Governos que se sucederam de 1994 a esta data, democraticamente instituídos foram conduzidos pelos partidos políticos que ganharam as eleições legislativas realizadas no país;

4. Esses partidos políticos, para se auto-financiar, passaram a desviar fundos dos Ministérios sob a sua responsabilidade. A um Ministro, Secretário de Estado ou Presidente da Câmara Municipal de Bissau é exigido pelo partido uma contribuição financeira substantiva, e a facilitação de negócios com os amigos.

Aqui começa o fomento da corrupção desenfreada e da impunidade, no seio do governo, que ao invés de criar condições para a criação de riqueza para o país, cria condição para que o seu partido seja cada vez mais forte financeiramente, para fazer face às eleições e a outras despesas;

5. E claro, aquele (Ministro/Secretário de Estado/Presidente da Câmara Municipal de Bissau) que envereda por essa via, também se auto-financia, através das mesmas fontes;

6. Por fim cada Ministro/Secretário de Estado, no seu pelouro, faz-se rodear de militantes do seu partido, substituindo ou afastando os responsáveis, técnicos ou simples funcionários do Ministério/Secretaria de Estado, que não são do seu partido, como se a nossa sociedade estivesse dividida em cidadãos de partido A B ou C. 

Este é o pior crime cometido pelos partidos políticos que governam o nosso país, o desmembramento do cidadão nacional.

Da minha explicação resultam as seguintes conclusões:

1. Devemos lutar no seio dos nossos partidos políticos, para eliminar a corrupção, ou seja, eliminar o auto-financiamento pelos ministérios, para que possam regressar plenamente às suas funções de criação de riqueza para o país e por via de consequência à criação de emprego para todos os cidadãos, nos novos sectores de desenvolvimento que irão florescer;

2. Devemos lutar no seio dos nossos partidos políticos, para eliminar o desmembramento do cidadão. Este é o pior golpe dado às conquistas da nossa luta de libertação nacional, gênese da nossa consciência cidadã, construtora da unidade na Guiné, da unidade em Cabo Verde, e finalmente da Unidade Guiné-Cabo Verde;

3. Devemos incutir nos nossos militantes e juventude o espírito de civilidade e promover a noção de que os partidos políticos têm todos o mesmo objectivo, que é o desenvolvimento do país e o bem-estar de toda a população guineense, por isso não são inimigos, são sim adversários políticos, porque concorrem às eleições para que a sua visão do caminho que leva à criação de riqueza, e por via de consequência ao desenvolvimento do país e ao bem estar e felicidade de todo o cidadão nacional, seja galardoada. (Governos fomentadores)

Eng. ARMINDO JOÃO HANDEM *

*   Secretário Permanente da União para a Mudança (UM).

**  Título da responsabilidade do Redactor

NE: Este texto é da autoria de um cidadão da Guiné-Bissau, mas o seu conteúdo se assemelha a alguns outros países africanos falantes da língua portuguesa. O prezado leitor encontra similaridades com algum em concreto?

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