Ossufo comenta onda de greves de funcionários públicos
O presidente da Renamo, principal partido de oposição em Moçambique, considerou hoje que a greves de funcionários públicos moçambicanos nos últimos meses espelham a “ausência de liderança do Estado”.
“O ambiente de descontentamento em vários sectores do nosso Estado tem criado sérios problemas sociais. Problemas esses que, no entanto, nunca são solucionados devido à incompetência generalizada no seio do executivo”, disse Ossufo Momade, numa nota divulgada na rede social Facebook.
Em causa estão as ameaças de paralisação e greves convocadas nos últimos meses por funcionários públicos de diversos sectores, exigindo melhores condições de trabalho e contestado cortes na implementação da nova Tabela Salarial Única (TSU).
Para Ossufo Momade, que trabalhou nos últimos dias nas províncias de Sofala e Manica (centro de Moçambique), os problemas são resultado de uma alegada “ausência de liderança do Estado”.
“Constatámos que há parturientes em leito hospitalar da principal maternidade [do Posto Administrativo de Macorococho – Sofala] estão a dar à luz em condições precárias, tendas a céu aberto, com material hospital exposto ao sol e chuva, além da imundície e inadequada infraestrutura para atendimento”, declarou Ossufo Momade, pedindo, entretanto, aos profissionais da função pública que não abandonem as populações.
Entre as classes em protesto estão os médicos, profissionais de saúde, professores, juízes e magistrados, alguns dos quais com greves já convocadas, contestando, sobretudo, cortes e atrasos salariais resultantes da implementação da TSU.
Aprovada em 2022 para eliminar assimetrias e manter a massa salarial do Estado sob controlo, o arranque da TSU fez disparar os salários em cerca de 36%, de uma despesa de 11,6 mil milhões de meticais/mês (169 milhões de euros/mês) para 15,8 mil milhões de meticais/mês (231 milhões de euros/mês).
A TSU custou cerca de 28,5 mil milhões de meticais, “mais do que o esperado”, segundo um documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a avaliação ao programa de assistência a Moçambique (Redactor N 6865, págs. 1 e 2).
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