Guebuza ouvido na AR
O antigo Presidente de Moçambique Armando Emílio Guebuza foi hoje ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Da República (AR) à dívida pública moçambicana, instituída após a divulgação de empréstimos não revelados contraídos entre 2013 e 2014.
Após cerca de uma hora de audição, à porta fechada, Guebuza, que chefiou o Estado moçambicano entre 2005 e 2015, saiu sem prestar declarações à imprensa e rodeado por fortes medidas de segurança.
A Comissão Parlamentar de Inquérito também não emitiu qualquer declaração sobre a audição ao antigo chefe de Estado moçambicano e deverá entregar o relatório do seu trabalho à Comissão Permanente da Assembleia da República na próxima quarta-feira.
A maioria esmagadora dos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito pertence ao partido Frelimo, ao qual Guebuza pertence há aproximadamente 50 anos e que presidiu durante uma década.
Aliás, as listas dos deputados do partido Frelimo que estão hoje no Parlamento passou das mãos de Guebuza para a respectiva aprovação.
AR: Manuel Chang
No âmbito da investigação parlamentar às chamadas dívidas ocultas também já foram ouvidos o antigo ministro das Finanças Manuel Chang e os gestores das três empresas que beneficiaram das verbas dos empréstimos.
Mais de dois mil milhões de dólares norte-americanos em empréstimos contraídos no mercado europeu de títulos de dívida foram avalizados pelo Estado moçambicano entre 2012 e 2014, sem o conhecimento da Assembleia da República (AR), da comunidade doadora e das instituições financeiras internacionais.
Na sequência da revelação das dívidas, o grupo dos principais doadores internacionais do Orçamento do Estado moçambicano suspendeu a sua ajuda e condiciona agora o reatamento do apoio à realização de uma auditoria internacional.
A Procuradoria-Geral da República seleccionou a firma norte-americana Kroll para a realização da auditoria, cujos resultados devem estar prontos dentro de 90 dias.
O Governo de Moçambique assumiu, a 25 de Outubro passado, incapacidade financeira para pagar as próximas prestações dos seus encargos com os credores, defendendo uma reestruturação dos pagamentos e uma nova ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI).
REDACÇÃO