“Segunda independência”
O “capitão” da selecção de futebol de Guiné-Bissau, Bocundji Ca, admitiu hoje que a qualificação para a Taça das Nações Africanas (CAN) de 2017 foi como a “segunda independência” do país, assumindo-se destemido na fase final.
“É a segunda independência da Guiné-Bissau, agora no futebol, porque precisamos destes momentos. A Guiné-Bissau tem muitos problemas e acho que o futebol pode ajudar a mudar, como aconteceu na Costa do Marfim, quando se qualificaram para o Mundial e os dirigentes juntaram-se em prol do futebol, porque vai ser um momento de grande alegria para o povo guineense”, explicou o médio, actualmente sem clube.
Aos 29 anos, o antigo futebolista de Nantes, Tours, Nancy, Reims, Châteauroux e Paris FC enalteceu o seu orgulho por capitanear os ‘Djurtus’ na caminhada para a primeira presença na CAN.
“É um momento muito importante para o meu país, foi resultado de muito trabalho de muitos e muitos anos, tenho muito orgulho de representar a selecção nacional e ainda mais por ser o ‘capitão’ desta equipa”, frisou.
A Guiné-Bissau vai estrear-se na competição frente ao anfitrião Gabão, a 14 de Janeiro, medindo forças depois com Camarões e Burkina Faso, a 18 e 22, respectivamente, em jogos do Grupo A da principal competição africana de selecções.
“Vamos jogar contra uma grande nação, o Gabão, com um dos melhores avançados do mundo, o Aubameyang, mas a Guiné-Bissau não vai de férias, temos as nossas armas e vamos dar o máximo. O mundo vai perceber que temos talentos e dirigentes no futebol que são competentes”, sublinhou.
O principal objectivo da Guiné-Bissau passa pela qualificação para os quartos de final, meta pela qual Bocundji Ca não duvida o empenho da selecção.
“Queremos dignificar o nosso país, vamos dar tudo o que pudermos dar. Não temos medo de enfrentar nenhuma equipa. Vamos para dar o máximo, tenho muita confiança no grupo e nos dirigentes, e espero passar a primeira fase. Depois, tudo é possível, como foi o exemplo de Portugal, que ganhou o Euro2016 e ninguém contava”, recordou.
A crença numa qualificação para uma grande competição moveu o médio defensivo, apresentando-se como exemplo para esta confiança.
“Eu, como jogo há muitos anos em França, onde fiz a formação no Nantes, tive convites do Senegal e da Guiné-Conacri, mas eu disse sempre que não, porque sempre acreditei que a Guiné-Bissau ia chegar a este patamar. Sabíamos sempre que ia ser difícil, mas acreditei, hoje estamos lá, com orgulho de ser guineense”, vincou.
O momento político conturbado no país não foi esquecido pelo ‘capitão’, que apelou à união do povo guineense, tendo em vista o bem comum.
“Podem acreditar na nossa capacidade, no nosso talento, e o futebol pode acabar com muitos problemas na Guiné-Bissau”, concluiu.
A CAN2017 vai ser disputada em quatro cidades do Gabão, entre 14 de Janeiro e 05 de Fevereiro.
REDACÇÃO & LUSA