Há polícia que colaboram

Há polícia – Alguns agentes da polícia moçambicana estão a informar “o inimigo”, forças rebeldes em Cabo Delgado, sobre as posições das autoridades, referiu a ministra do Interior, Arsénia Massingue, após uma visita à província atingida por uma insurgência armada.

“Os espinhos [do ofício] são esses que estamos a criar, quando temos desvios de comportamento, quando não temos sigilo profissional e saímos para informar o inimigo onde está a nossa força”, referiu a governante, durante uma parada policial realizada na terça-feira, acompanhada pela televisão STV e divulgada esta quinta-feira pela comunicação social moçambicana.

Sem apontar nomes ou entrar em detalhes, a ministra falou naquele comportamento como exemplo de “práticas” que devem ser erradicadas.

Na mesma ocasião, a ministra foi crítica em relações a inúmeros aspectos da actuação policial, face à gravidade da indisciplina dos agentes, sobretudo na capital provincial Pemba, por oposição aos que estão na frente de combate.

“Estão lá a dar o seu melhor, a dar o seu máximo a sacrificarem as suas vidas por nós, que estamos aqui a meter-nos em situações de indisciplina, a participar em casos de rapto, em desvios de comportamento totalmente contrários ao nosso juramento”, referiu.

Na parada, fez um apelo expressivo: “Vamos deixar de ser corruptos, indisciplinados, preguiçosos e faltosos ao trabalho”.

“Estas práticas devem morrer e ser sepultadas, não daqui a oito, nem trinta dias, é morrer e acabou. Não faz sentido”, sublinhou mais à frente na sua intervenção, ameaçando os infractores com processos e expulsão.

“Continuamos a falhar quando elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) que deviam estar no campo de batalha, no lugar de sacrificarem as suas vidas para combater o terrorismo, saem da linha e vão beber, viram bêbados”, disse.

A ministra considerou “inconcebível” a recorrente situação de “abandono do posto”.

“Não faz sentido que um membro da Unidade de Proteção de Altas Individualidades abandone o seu posto e permita que as residências dos dirigentes sejam assaltadas”, exemplificou.

Este comportamento deixa comunidades vulneráveis a ações criminosas e contribui para um ambiente de insegurança da população, acrescentou.

Massingue criticou ainda a falta de recolha de informação em Cabo Delgado, permitindo “que um bandido se acomode nos bairros e planifique as suas incursões”.

Na mesma intervenção, a ministra dirigiu-se a cada uma das restantes forças sob o comando do Ministério do Interior, com exemplos de incumprimentos que pediu para serem erradicados – desde o guarda fronteira que deixa entrar quem não tem documentos a troco de um suborno ou o polícia de trânsito que está ao telefone enquanto acontece um acidente.

A visita de Arsénia Massingue a Cabo Delgado acontece dias depois de uma nova vaga de violência armada irromper na província, desta vez no Sul, em zonas considerada seguras. (Há polícia)

Redactor

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