Hama Thai avalia Nhongo

Hama Thai, general na reserva, diz que o major general dissidente da RENAMO, Mariano Nhongo, “deve ser um indisciplinado”, pelo que “devia ser punido severamente” pela liderança do partido.

António Hama Thai, destacado militar e antigo combatente da FRELIMO, treinando na extinta União Soviética, refere, no entanto, reconhecer que o caso Nhongo “é muito delicado” e, sugere, por isso, que para compreender as suas reivindicações, o chefe de Estado, Filipe Jacinto Nyusi, “deve ouvir pessoalmente o líder da dita autoproclamada Junta Militar da Renamo”.

os comentários deste veterano da luta pela libertação nacional vêm reflectidos numa extensa entrevista publicada na mais recente edição do boletim “Moçambique”, um órgão informativo do Gabinete de Informação de Moçambique (GABINFO), um organismo, adstrito ao gabinete do Primeiro Ministro de Moçambique.

Hama Thai diz não conhecer pessoalmente Mariano Nhongo, mas sublinha que pelas informações que lhe chegam através dos media, “deve ser um indisciplinado porque não se explica que um quadro dentro de uma organização política questione a autoridade do seu líder”.

“Devia ser punido severamente pela liderança do partido”, sugere o homem que já foi governador provincial, presidente do Conselho Executivo (Câmara Municipal) da Cidade de Maputo (não eleito) e Chefe do Estado Maior-General das Forças Armadas de Moçambique, entre outros cargos.

“É um assunto muito delicado porque o Presidente Nyusi assinou o Acordo de 6 de Agosto com Ossufo Momade

[actual líder da RENAMO]

e ele não sabia que, dentro da própria RENAMO, havia um grupo que estava fora da liderança do presidente eleito”.

Hama Thai entende que estando a liderança da RENAMO a se distanciar do Junta Militar, o presidente Filipe Nyusi “deve avançar com conversações, para não deixar dúvidas no processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR) ”.

Os comentários de Hama Thai tinham como mote uma apreciação do panorama político moçambicano na esteira dos 100 anos que, se fosse vivo, o arquitecto da unidade nacional, Eduardo Chivambo Mondlane, completaria a 20 deste Junho e os 45 anos da independência nacional que se assinalam no dia 25 deste mês.

Sobre Eduardo Mondlane o general Hama Thai recorda que o homem assassinado no dia 03 de Fevereiro de 1969 em Dar-Es-Salaam (Tanzânia) “sonhava com um Moçambique independente, industrializado, desenvolvido e próspero, condições que ainda não conseguimos concretizar na totalidade”.

Sobre o actual estágio de Moçambique o antigo combatente pela libertação da pátria considera que a guerra dos 16 anos (Agosto de 1976/Outubro de 1992) retardou o desenvolvimento do país “a todos os níveis”.

Hama Thai refuta a alegação oficial de que a RENAMO combatia um regime de inspiração marxista-leninista estabelecido pela FRELIMO em Moçambique.

“A desculpa de combater o socialismo foi um arranjo ideológico porque todos sabíamos que a Renamo foi formada com o objectivo de sabotar a governação da FRELIMO, uma agenda que prevalece até aos dias de hoje”, entende o general poliglota (fluente em ndau, shona, russo, português e inglês).

 (Correio da manhã de Moçambique)

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