Hipopótamos matam em Gaza
Pelo menos oito pessoas perderam a vida em seis meses no distrito de Massingir, no Ocidente da província meridional moçambicana de Gaza, vítimas de ataques de hipopótamos e crocodilos na albufeira do Rio dos Elefantes, naquela região.
Este saldo de mortos é referente ao período que vai de Fevereiro a Agosto deste 2017, sendo dos óbitos composto por pescadores surpreendidos por hipopótamos durante a faina e a oitava vítima uma criança atacada por um crocodilo nas margens da mesma albufeira.
O dramático relato foi feito recentemente por um grupo de camponeses durante uma interacção com o vice-ministro do Mar Águas Interiores e Pescas, Henriques Bongesse, que há dias visitou aquela região em missão de serviço
Dias Quive e Alfredo Tchemane, pescadores há mais de vinte anos na Comunidade de Cubo, em Massingir, detalharam que os hipopótamos atacam os pescadores em plena faina, deixando-os sem hipóteses de sobrevivência porque se fazem às águas profundas em barcos precários e sem colectes salva-vidas.
“Como nem todos os pescadores são hábeis na natação, depois de os hipopótamos virarem as embarcações não conseguem nadar até à costa, situação agravada pela falta de coletes salva-vidas”, sublinharam os pescadores.
Outros pescadores presentes no encontro disseram ao governante estarem a considerar a hipótese de desistir da actividade piscatória por temer transformar as respectivas esposas e filhos em viúvas e órfãos, respectivamente, caso não seja encontrada uma fórmula para estancar o cenário macabro na albufeira.
O administrador do distrito de Massingir, Sérgio Moiane, presente no encontro, revelou que o governo distrital reconhece a preocupação dos pescadores e está a tomar medidas.
Infelizmente, o relato do administrador perdeu brilho quando apontou como solução adoptada perante este quadro o “abate dos animais problemáticos”, prática condenável por grupos defensores do meio ambiente, que pugnam pela convivência pacífica entre o Homem e a fauna bravia, respeitando os limites geográficas de habitat de cada espécie, sem prejuízo do ecossistema.
O administrador Moiane mostrou-se “preocupado” com o crescendo do número de animais ferozes na região.
Num esforço para acalmar o ambiente, o vice-ministro Henriques Bongesse deu a conhecer que, à semelhança da estratégia adoptada na Albufeira de Cahora Bassa, na província nordeste de Tete, está para breve a alocação de equipas de fiscais e de socorro para acudir eventuais vítimas em Massingir, mas não adiantou nenhum horizonte temporal.
O governante afirmou ainda que serão tomadas medidas visando regular a actividade pesqueira naquela albufeira, seguindo as recomendações internacionalmente aceites para aquele tipo de actividade, visando reduzir incidentes e acidentes que em algum momento se saldam em mortes.
O pescado da Albufeira de Massingir é muito apreciado não só em Gaza como em diversas regiões de Moçambique e em alguns países vizinhos, com maior destaque para a Republica da África do Sul e Zimbabwe.
Yanga Júnior, correspondente em Gaza