Inclusão

Inclusão –  Não sou, nunca e jamais, velho de mau agoiro.  Sou apenas ancião avisado na velha escola da experiência acumulada de tanto trilhar nesta estrada da vida.

Moçambique está de parabéns por estar a experimentar lindos momentos de tréguas, passíveis de nos conduzirem a fruirmos de alguma Paz, não obstante precária e a prazo.

Mas acredito que o nosso sempre Bom Deus, vai organizar as “coisas” na cabeça das partes beligerantes para que continuem com esta coragem que os anima e esta Paz se transforme em perene.

Porém, para ser perene precisa, de facto, de mais uma Comissão Especializada para além das duas já criadas no âmbito do processo conducente ao silenciar definitivo das armas em Moçambique.

Precisamos de ter uma Comissão para o estudo e preparação da INCLUSÃO NACIONAL EM MOÇAMBIQUE. O já existente Fundo Para a Paz e de Reconstrução Nacional deveria ser membro desta comissão.

Recordemo-nos que a 04 de Outubro de 1992, assinamos, em Roma, sob os auspícios da ONG italiana de Santo Egídio, o Acordo Geral da Paz (AGP) ainda válido, embora ora muitas vezes, infelizmente, quebrado.

O AGP tem sido de implementação tremida porque aqueles jovens a quem, em 1992 se lhe havia prometido, que melhorariam a vida se e quando largassem as armas, vinte anos depois começaram a constatar que continuam a sofrer porque, exactamente, estão excluídos do processo de desenvolvimento em prática no País.

Os jovens em questão, felizmente, continuam a acreditar que é possível serem felizes – sem recurso à guerra – no seu próprio País. Mas é preciso que o nosso Governo, corajosamente, continue a preparar, aprove, faça promulgar e implemente, de facto, políticas de real e verdadeira inclusão e integração económica dos moçambicanos, sem, como plasmado na nossa Constituição, quaisquer tipo ou natureza de discriminação.

Aqueles jovens que tinham sido obrigados a tornarem-se, prematuramente soldados de carreira, após a assinatura do AGP, com louvável entuisiasmo regressaram, às suas zonas de origem, alguns rumaram para os centros urbanos na tentativa de terem melhores condições de vida, muitos começaram a desenvolver actividades informais, enquanto outros preferiram experimentar a sua sorte emigrando.

E, voltando ao meu vaticínio, que, por alguns poderá ser apelidado de pessimismo ou de mau agoiro, continuarei convencido que é preciso que o nosso Governo, através de mais consultas populares, encontre formas de colocar no terreno POLÍTICAS ENDÓGENAS DE INCLUSÃO ECONÓMICA de todos os filhos desta pátria amada cujo povo jurou não permitir que mais nenhum tirano o oprima.

António Matabele

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