Indeterminado
Os que entendem melhor da língua portuguesa dizem que INDETERMINADO é o que não é determinado, que não é fixo: espaço indeterminado. Indefinido, indistinto.
Logo, a actual trégua que vigora desde o dia 5 deste mês está nesse âmbito. Não se sabe quando pode terminar ou ser rompida, a qualquer pretexto por qualquer das partes, tal será entendível, do ponto de vista (dos) legal(ista).
Logo, a actual trégua é mais arriscada que aquela primeira, a segunda e a terceira, salvo o detalhe que podemos encontrar, lá mais adiante desta ladainha “sextaferiana”.
Uns dizem que estas sucessivas tréguas são fruto de rezas, sem deixar bem claro de que resultou, afinal, o desencadear das hostilidades… se por falta de rezas ou por rezas inconsistentes.
Parece que em tudo há condecorados em caso de êxitos e as desgraças vão a enterrar sozinhas.
Noutras colunas, mas neste mesmo jornal, já que TIKU 15 é muito recente, dissemos e repetimos que as ditas hostilidades simplesmente não deviam ter sido desencadeadas, nem mesmo a brincar ou a simular, porque os “beligerantes do costume” se “divertiriam” a matar e a destruir, para mais tarde dialogarem sentados sobre um montão de cadáveres humanos e escombros, sorridentes de orelha a orelha, ante o olhar impotente das suas vítimas e parentes.
Nem quero imaginar a dor dos donos dos bens destruídos e dos familiares dos mortos em mais este episódio de refregas que de militares pouco tinham, mas mais selvagens, porque desregradas, para, por fim, o mais famoso residente da “parte incerta” de Moçambique vir a terreiro em alto e bom som dizer que abdica da principal motivação pela qual partira para as matas, uma vez mais: governação das seis províncias que reivindica(va) ter ganho nas eleições gerais (não provinciais de 2014).
Há falcões furiosos nas duas barricadas com este deslinde ainda parcial, mas alguém, de um dos lados em confronto, teve de dar um muro na mesa, sob todos os riscos, com compreensível cepticismo de muitos com esta aparentemente elevada doze de “atrevimento”.
Todavia, quem domina os dossiers castrenses garante que desta vez tudo vai dar certo porque um dia destes vai-se saber “algum algo” mais detalhado sobre o que representa(rá), de facto, o 18 de Dezembro de 2016 na história de Moçambique.
Aguardemos!
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão em PDF do jornal Correio da manhã, na sexta-feira (12 de Maio de 2017), na rubrica semanal TIKU 15, da responsabilidade de REFINALDO CHILENGUE