Investimentos em Inhambane
Daniel Chapo, o actual governador da província meridional moçambicana de Inhambane, era, ao cair da tarde da sexta-feira passada (16 de Junho de 2017), um homem visivelmente feliz, ao anunciar o encerramento da II Conferência de Investimentos desta província. E não era para menos. Cinco investidores de peso acabavam de anunciar a disponibilidade de aproximadamente 1,5 bilião de dólares norte-americanos para a concretização de diversos projectos de desenvolvimento naquela parcela de Moçambique, com maior destaque para a estrada Pafuri-Mapinhani.
Esta rodovia deverá ligar a província de Inhambane e a vizinha República da África do Sul (província de Limpopo), passando pela moçambicana província de Gaza, um itinerário que deverá impulsionar o fluxo de turistas oriundos da África do Sul e do Zimbabwe para Moçambique, entre outros benefícios.
É um investimento que, sozinho,deverá consumir aproximadamente 780 milhões de dólares norte-americanos, devendo as respectivas obras arrancar oficialmente no dia 1 de Maio de 2018, caso não surja algum imprevisto.
Como que a responder à directriz emanada pelo Primeiro-ministro,Carlos Agostinho do Rosário, que depois da abertura solene dos trabalhos quebrou o protocolo e pediu para voltar ao “podium” para, em improviso, dizer “o que me vem na alma”, exigiu resultados concretos (Correio da manhã N.° 5096, págs. 1 e 2), o governador Chapo enumerou os seguintes resultados do encontro que teve como palco a Escola de Hotelaria e Turismo de Inhambane nos dias 15 e 16 de Junho:
A INDUSCAJU, Limitada, da área de produção e processamento de castanha de caju, pretende investir no distrito de Massinga um total de USD 4.158.820, de investidores do Vietnam, que em Moçambique tem à frente os vietnamitas Trans Giang (sócio-gerente), coadjuvado pelo moçambicano Alfredo Júnior (assessor técnico).
Este empreendimento dará emprego permanente a perto de uma centena de moçambicanos, na fábrica, e 500 sazonais,a laborar no cajual, que deverá ocupar uma área de mil hectares no distrito mais populoso de Inhambane – Massinga.
Uma firma britânica vocacionada à pesquisa e exploração de recursos minerais vai abrir os cordões à bolsa para fazer o que mais sabe no sector das areias pesadas nos distritos de Jangamo e Inharrime, num esforço inicialmente orçado em cerca de 150 milhões de USD.
Uma instituição das Maurícias vai construir e explorar uma clínica na Maxixe, investindo 500 mil USD.
O consórcio tripartido liderado pela China Harbour Engineering Company, Lda (CHEC), em Moçambique encabeçado pelo chinês Zhang Lemine que integra a sul-africana Capital Projecte uma firma moçambicana não especificada,anunciaram a disposição para construir a estrada Pafuri-Mapinhane (http://www.prestigiomoz.com/2017/05/28/estrada-pafuri-mapinhane-ja-orcamento/), aplicando um total de 780 milhões de USD.
A sul-africana GB Nonks Limitada (com ramificações no Dubai, Irlanda e EUA), na voz do seu representante em Moçambique, o moçambicano Pedro Boene, natural de Gaza, anunciou também a disponibilidade para se envolver na construção da estrada Mapinhane-Pafuri, afirmando ter para este fim um pacote cheio de um bilião de euros.
Para além deste empreendimento, Boene disse que o seu grupo tem, igualmente, vontade e dinheiro para construir a estrada Moamba/Xinavane (104Km), na província de Maputo, desde que o Governo de Moçambique aceite que a mesma tenha portagens. Disse possuir para tal cerca de 500 milhões de USD.
O director executivo da Moçambique Orgânicos, o sul-africano Koos van der Merwe, disse que a sua empresa da área de agropecuária e industrial possui 389 mil dólares norte-americanos para aplicar no distrito de Panda. Milho, soja e tomate são os produtos-bandeira desta empresa.
Outra empresa chinesa manifestou disponibilidade para reabilitar a serpenteante e muito estreita estrada que sai do cruzamento de Lindela até a capital provincial, num troço de aproximadamente 35 quilómetros.
Igualmente manifestou disposição de a também estreita e caracterizada por curvas e contra-curvas estrada que sai de Inhambane até às zonas eminentemente turísticas de Tofo e da Barra (juntas totalizam aproximadamente 40 quilómetros), existindo, para tal, qualquer coisa como 40 milhões de USD.
Fora esta disponibilidade de reabilitar os troços Lindela-Inhambane e Inhambane-Tofo e Barra, este grupo chinês afirma estar com vontade e capacidade para concretizar um projecto de reforço de capacidade de abastecimento de água potável às populações da histórica região de Homoine.
A moçambicana Kudumba, que se tornou conhecida pelo negócio polémico das inspecções de mercadorias nas fronteiras, quer se envolver no agroprocessamento nas províncias de Inhambane e Gaza, tendo para o efeito reservado um pacote de 10 milhões de dólares norte-americanos.
A ideia da Kudumba é aplicar recursos, saber e energias na produção de arroz e feijão bóer, proporcionando emprego a algumas dezenas de camponeses em Inhambane.
REFINALDO CHILENGUE, EM INHAMBANE