Joaquim Chissano: interlocutor
Joaquim Chissano , o antigo Presidente moçambicano, entende que deve ser encontrado “um interlocutor” entre os grupos armados que protagonizam ataques na província de Cabo Delgado, norte do país, defendendo que “o diálogo nunca deve ser descartado”.
“O diálogo nunca se deve pôr de parte seja qual for o conflito, é preciso encontrar com quem dialogar e sobre o que dialogar”, declarou.
Joaquim Chissano falou sobre o conflito armado em Cabo Delgado, quando se debruçava sobre a “génese das transformações políticas em Moçambique no âmbito da Constituição de 1990”, título de uma mesa redonda realizada hoje em Maputo em que foi o principal orador.
O ex-chefe de Estado moçambicano (1986-2005) assinalou que deve ser feito um “diagnóstico” sobre as causas do conflito em Cabo Delgado, avançando que apenas a existência de abundantes recursos naturais não justifica a violência, porque há muitos países ricos em recursos naturais sem violência armada.
“Deve-se cavar a razão desta guerra para se encontrar os meios de a debelar, devemos primeiro ter um diagnóstico claro”, sustentou Joaquim Chissano.
A província de Cabo Delgado é há três anos palco de ataques armados por grupos considerados terroristas e que já provocaram uma crise humanitária com mais de mil mortos e 250 mil deslocados internos.
Alguns dos ataques já foram reivindicados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, mas a verdadeira origem permanece em debate.
A região deverá acolher nos próximos anos investimentos da ordem dos 50 mil milhões de dólares norte-americanos em gás natural, liderados pelas petrolíferas norte-americana Exxon Mobil e francesa Total (que já tem obras no terreno).
(Correio da manhã de Moçambique)