“Kuhanha” = Viver

Julgava eu ter já ouvido falar dos mais criativos nomes de instituições moçambicanas ligadas ao business, depois de saber da existência da instituição Xiyiveli, que no idioma changana significa  “roube-lhe”. Esta semana tomei conhecimento da existência de Kuhanha, que na mesma língua moçambicana significa viver.

As duas instituições e os respectivos escopos evidenciam, por A+B, que o moçambicano não brinca em termos de criatividade, designação e foco…

Mas hoje pretendo, na minha modesta opinião, comentar sobre “Kuhanha”, sua génese e a sorte grande que esta semana lhe foi anunciada: controlo dos cerca de 80% do Banco Moza, por decisão de um júri cujos integrantes têm muito a beneficiar com a sua própria deliberação, o que suscita “percepções” e alguma inquietação.

Dizem que A MULHER DE CÉSAR, PARA ALÉM DE SER SÉRIA E FIEL, O DEVE PARECER, o que, no caso da decisão do Banco de Moçambique, em favor de uma entidade que gere o fundo das respectivas pensões, parece estar inquinada do vício de ilegalidade.

Confesso que de Direito nada entendo, mas das pobres leituras e do acompanhamento “das coisas”, por contingências profissionais, tenho a sensação/percepção de que nos termos da Lei de Probidade Pública (LPP), o governador do BM, Rogério Zandamela, e seus pares no Conselho de Administração do banco emissor moçambicano, sendo  servidores públicos,  estão proibidos de “exercer o mandato em benefício próprio ou outorgar-se, directa ou indirectamente, algum benefício”.

Ora, sendo eles parte do sistema de pensões do Banco de Moçambique, se afigura claro que têm interesse na decisão que tomaram.

É verdade que surgirão vozes tentando defender a decisão dos doutos senhores da 25 de Setembro, mas esse expediente de forma alguma moverá, da maioria da opinião pública, a ideia de que o único que em volta da mesa da festança possuía faca e garfo levou para si a melhor fatia do bolo em presença.

Ou já começaram a “fazer a cama” ao senhor Zanda?

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão em PDF do jornal Correio da manhã, na sexta-feira (02 de Junho de 2017),  na rubrica semanal  TIKU 15, da responsabilidade de REFINALDO CHILENGUE

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