Líderes comunitários
Líderes comunitários, curandeiros e religiosos chamados pela Polícia moçambicana a contribuir no combate a grupos armados que têm protagonizado ataques desde Agosto no centro do país.
Efectivamente, a Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica quer envolver régulos, curandeiros e líderes religiosos no combate a grupos armados que têm protagonizado ataques desde Agosto no Centro do país, disse o comandante da corporação.
“Está sendo feito um trabalho inteligente na profundidade com vista a impedir e repelir situações de ataques e, por isso, [a Polícia] está a pedir a aproximação de líderes comunitários, religiosos e a população em geral”, disse Francisco Simões, comandante provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM).
Aquele responsável falava na quinta-feira após uma reunião, no distrito de Gondola, com cerca de 30 líderes comunitário de zona que tem sofrido frequentemente ataques em Manica, centro do país.
De acordo com Francisco Simões, além de abrir espaço para colaboração entre as autoridades moçambicanas e líderes locais, o encontro serviu para “traçar métodos para o esclarecimento dos ataques” já registados.
“A estratégica que definimos no fim deste encontro vai recondicionar os nossos planos operativos”, acrescentou aquele responsável, para quem “é preciso denunciar quando pessoas estranhas e suspeitas chegam às aldeias”.
O distrito de Gondola tem estado entre os mais atingidos pelos ataques armados que desde Agosto já provocaram a morte de pelo menos de 10 pessoas nas províncias de Sofala e Manica, Centro de Moçambique.
Em Pindanganga, no interior de Gondola, um líder comunitário foi sequestrado e morto, após suspeitas de ter denunciado uma base da Junta Militar da RENAMO, grupo dissidente do principal partido de oposição, e que tem sido acusada pelas autoridades de estar a organizar os ataques, embora negue autoria dos mesmos.
“Nós vivemos com medo”, disse Mário Alfinar, um líder comunitário de Gondola a saída da reunião com a Polícia.
Um outro líder, António Quichine, que também é curandeiro, observa que “é preciso redobrar a vigilância” nas aldeias, próximas dos locais onde ocorrem os ataques, para rastrear os movimentos dos atacantes.
No mesmo dia em que decorria a reunião, pela manhã, três camiões de carga foram atacados, sem vítimas mortais, na Estrada Nacional 1, na fronteira entre os distritos de Gondola (Manica) e Chibabava (Sofala), tendo as três viaturas ficado imobilizadas no local.
Os ataques surgem na sequência de outros que já fizeram pelo menos 10 mortos desde Agosto em estradas e povoações das províncias de Manica e Sofala, por onde estão entrincheirados guerrilheiros dissidentes da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) liderados por Mariano Nhongo.
O grupo tem ameaçado recorrer à violência armada para negociar melhores condições de reintegração social do que as acordadas pelo seu partido com o Governo, mas, por outro lado, também se tem recusado a assumir a autoria dos ataques.
(Correio da manhã de Moçambique)