Luísa Diogo: FMI
A antiga primeira-ministra moçambicana, Luísa Diogo, manifestou-se optimista num reatamento do programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) com Moçambique, considerando que os moçambicanos devem aprender a confiar nas suas instituições.
“Eu acredito nas instituições moçambicanas e sei que elas vão conseguir encontrar a forma de direccionar este processo da forma mais transparente e aceitável, para que, na base disso, possamos encontrar formas de debater com o FMI para desbloquear o programa”, afirmou a antiga governante.
Luísa Diogo falava à margem de uma conferência organizada por uma revista local pelo banco Barclays Moçambique, instituição em que preside ao Conselho de Administração.
O escândalo das dívidas ocultas, contraídas entre 2013 e 2014, agitou a opinião pública moçambicana com organizações da sociedade civil a exigirem a responsabilização dos autores das dívidas e a protestarem contra a inscrição das mesmas na conta-geral do Estado.
Para a antiga primeira-ministra, os moçambicanos precisam de acreditar na Procuradoria-Geral da República, lembrando que foi este órgão que fez o contrato para que auditoria fosse realizada.
“Espero que tudo decorra em tempos e em prazos que possam beneficiar a nossa economia”, acrescentou Luísa Diogo, reiterando o seu optimismo para com o futuro.
“Os investidores sabem muito bem que este país é bom para investir, portanto, é necessário que se organizem para este efeito”, concluiu.
O escândalo das dívidas ocultas rebentou em Abril de 2016 – a dívida de USD 850 milhões da Ematum era conhecida, mas não os USD 622 milhões da Proindicus e os USD 535 milhões da MAM – e atirou Moçambique para uma crise sem precedentes nas últimas décadas.
Os parceiros internacionais suspenderem apoios, a moeda desvalorizou a pique e a inflação subiu até 25% em 2016, agravando a vida naquele que é um dos países mais pobres do mundo.
O reatamento das ajudas internacionais ficou dependente da realização desta auditoria independente às dívidas, cujo sumário executivo foi distribuído pela PGR e sobre o qual se aguardam agora as reações dos parceiros.
Na segunda-feira, o FMI iniciou uma missão a Moçambique para discutir com as autoridades a auditoria às dívidas ocultas do país.
Redacção