Maior engano colectivo

Maior engano colectivo. É assim que, há dias, o investigador João Feijó resumiu o actual estado de educação em Moçambique (Redactor N° 6279, págs. 1 e 2).

Não encontraria a avaliação mais assertiva que esta.

De facto, a educação em Moçambique avança, impetuosamente, para o fundo da sarjeta. Lá se foi o tempo em que, na primeira semana lectiva, um aluno da terceira classe escrevia uma redacção, relatando, para o professor e colegas, como passara as férias escolares.

Hoje por hoje, é quase um milagre vislumbrar um estudante da décima segunda classe com habilidades razoáveis para gatafunhar uma composição de um discente digno desse nível académico.

Antes do maior engano colectivo, um graduado da quarta classe tinha emprego garantido na administração e/ou na esfera pública qualquer. Era uma pessoa respeitável na comunidade.

Hoje por hoje, é normal até ouvir um/a titular do pelouro da Educação falar de “salas de aulas”, mesmo em palanque parlamentar.

Nesta era do maior engano colectivo em Moçambique é simplesmente normal ouvir um alto (des)governante falar de X “por centos”.

Nesta fase em que Moçambique desfruta do maior engano colectivo já não espanta a muitos ouvir um licenciado a informar que “quando cheguei à casa da tia a encontrei enquanto não estava”, a dizer ao sobrinho que “estão a te chamar com a tua mãe” ou relatando que “o vizinho queria ser atropelado por uma viatura”.

Impressionante é ver e ouvir “doutores” formados em Direito não sabendo diferenciar “secção” da “sessão”. O julgamento realizado na tenda erguida no Estabelecimento Penitenciário Especial de Maputo, vulgo Brigada Operativa (BO), é o exemplo mais recente dessa vergonha igualmente resultante deste badalado maior engano colectivo.

Nestes dias do ensino que não é mais que o maior engano colectivo é normal ouvir um director de uma escola lamentando o facto de algumas turmas da instituição que “dirige” estarem a funcionar “ao ar lento”.

Nos dias que correm podemos ver, com ar todo ufano, um líder partidário a dirigir uma reunião da liga FEMENINA, certamente empurrado para este ridículo papel por “doutores” formados em ciências políticas ou marketing numa dessas “universidades” que igualmente trilham pelo maior engano colectivo, facturando à brava, inclusivamente, e depois distribuindo canudos para uma legião de graduados banhados por uma alegria efémera, que depois vira frustração, não raras vezes, de tanto calcorrear as ruas da amargura, desempregado.

Enfim, um infindável desfile de calinadas que não fazem lembrar ao diabo e impossível de caber neste espaço.

A MINTHIRU IVULA VULA KUTLHULA MARITO! Os actos valem mais que as palavras!  Digo/escrevo isto porque que ainda creio que, como em anteriores desafios, Moçambique triunfará e permanecerá, eternamente.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo intitulado “Maior engano colectivo” foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 18 de Março de 2022, na rubrica de opinião denominado TIKU 15

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