Mamparas *

Mamparas * – Todos nós, como pessoas, podemos ter conhecidos, amigos e/ou parceiros mamparas, que os há aos montes, em todo o mundo.

Mais gritante e constrangedor se torna quando o “nosso” mampara é do nível de um país/Estado.

No final da semana passada, um dos países com as melhores habilidades e condições científicas do mundo – a República da África do Sul – de resto, pioneiro num transplante de coração humano bem-sucedido à escala mundial – graças a essa sua capacidade acima de muitos países da Europa e da América, detectou a variante da covid que rapidamente foi baptizada com o nome de Ómicron.

Sério e convencido que está num mundo sério, o Governo da África do Sul, tornou pública a descoberta, que tanto quanto consta, já circulava, sorrateiramente, na Nova Zelândia, Inglaterra, Brasil, França, Filipinas, Índia, Indonésia e noutros pontos do Mundo.

Apressadamente, muitos países do “mundo rico”, muitos deles com milhares de casos e dezenas de óbitos por dia devido ao SARS-CoV-2, decretaram um boicote a todos os voos e passageiros oriundos da África austral, incluindo estados que, como Moçambique, há semanas que que registam uma média aproximada de um óbito por causa da covid/dia e os infectados não vão para além de um dígito. É a inversão de valores, de forma escandalosa, ou a queda da máscara de fingidos e interesseiros.

Digo APRESSADAMENTE porque a própria comunidade científica ainda não percebeu bem os contornos desta variante, falando-se da necessidade de duas semanas, aproximadamente, para tal e daí tomar as medidas devidamente ajuizadas.

Quando esta pandemia, como se diz, oriunda da República Popular da China, começou a ganhar forma, no primeiro trimestre de 2020, falou se que os africanos morreriam que nem frangos atingidos por elevadíssimas temperaturas de um Verão rigoroso, tendo em conta a cavada falta de profissionais de saúde no continente berço da Humanidade: só um país tem a taxa considerada correcta de trabalhadores do sector por habitante (10,9 por 1000 pessoas). Como diz, e com razão, a OMS, a perda de um médico ou enfermeiro para a covid-19, seja para doença ou, tragicamente, morte, provoca um sério impacto na capacidade de prestar cuidados de saúde à população africana.

Os mamparas açambarcam vacinas e agora fingem espanto com a emergência de novas variantes, mas se esquecem que, mesmo estando em barcos diferentes, estamos no mesmo mar e que a tempestade que sobre ele se abater vai afectar a todos e apenas se salvarão os protegidos por Deus, porque aqui ninguém é espero que Ele.

Se os nossos países tivessem lideranças à altura, era chegado o momento de aplicarem, efectivamente, o princípio de reciprocidade, não exactamente banindo voos e passageiros oriundos dos países dos mamparas, mas selecionando, cuidadosamente, e tocando num ou vários pontos sensíveis desses IDIOTAS.

Basta de nos tornarmos cada vez mais irrelevantes no concerto das Nações!

A MINTHIRU IVULA VULA KUTLHULA MARITO! Os actos valem mais que as palavras

Digo/escrevo isto porque que ainda creio que, como em anteriores desafios, África em geral e Moçambique em particular, triunfarão e permanecerão, eternamente.

REFINALDO CHILENGUE

*   Mampara é um termo crioulo usado na África austral equiparado a IDIOTA na língua portuguesa. Foi muito aplicado em tempos idos para destratar os mineiros moçambicanos que labutavam na África do Sul, apelidando-os de Mampara magaízas, porque alegadamente esbanjavam o seu dinheiro com futilidades na hora do término do contrato, com maior destaque para as prostitutas, que abunda(va)m em Ressano Garcia

Este artigo intitulado “Mamparas” foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 29 de Novembro de 2021, na rubrica de opinião denominado TIKU 15

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