Matsangaissa: raptados

Matsangaissa: Membros da família do fundador da Renamo foram raptados em Manica. Trata-se da esposa e três filhos de André Matsangaissa Júnior, sobrinho do primeiro presidente da Renamo.

Esta notícia, surge horas depois de o líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, ter denunciado alegados raptos e execuções de elementos ligados ao antigo movimento rebelde, hoje partido político com representação na Assembleia da República (Parlamento) de Moçambique.

Mariano Nhongo advertiu que essas práticas (raptos e assassinatos) podiam precipitar o país a um novo ciclo de violência armada de grandes proporções.

A esposa e três filhos de André Matsangaissa Júnior, sobrinho do primeiro presidente da Renamo, André Matai Matsangaissa (18Mar50/17Out79) foram raptados na manhã desta quarta-feira na sua residência, no bairro Nhamaonha, nos arredores de Chimoio, capital da província moçambicana de Manica, segundo a Voz da América.

Matsangaissa Júnior integrou a autoproclamada Junta Militar da Renamo em Julho, nas vésperas da reunião extraordinária do grupo de dissidentes da Renamo, na Gorongosa.

André Matsangaissa Júnior integra a direcção da autoproclamada Junta, liderada por Mariano Nhongo, um general da Renamo que criou a facção militar, após não reconhecer a liderança de Ossufo Momade.

André Matai Matsangaissa foi o fundador e primeiro comandante supremo da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), organização que dirigiu até à sua morte, em Gorongosa, Sofala, em combate com aa tropas governamentais, no dia 17 de Outubro de 1979.

À frente da RENAMO seria substituído por Afonso Macacho Marceta Dhlakama, por 39 anos, até à sua morte, oficialmente vítima de doença, no dia 03 de Maio de 2018, também nas matas do distrito de Gorongosa.

O rapto dos familiares directos de André Matsangaissa Júnior (o mais destacado na foto) pode exacerbar os ânimos e precipitar o país para uma nova espiral de violência, a avaliar pelas imagens do jovem quando apareceu ao lado de Nhongo a repudiar a autoridade de Ossufo Momade na direcção da RENAMO.

Nas imagens, André Matsangaissa Júnior mostrava-se um jovem predisposto a partir para a guerra, ao contrário do próprio Nhongo, que aparenta(va) alguma predisposição de negociar com o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi.

Aliás, em algum momento Nhongo expressou claramente disponibilidade para uma possível conversa com o Presidente Nyusi para encontrar uma solução negociada da actual desinteligência em torno do dossier do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos guerrilheiros da “perdiz”.

O grupo de guerrilheiros liderado por Mariano Nhongo já ameaçou por mais do que uma vez recorrer às armas caso não seja ouvido, mas, por sua vez, também se diz perseguido por outros elementos desconhecidos.

As incursões armadas na província de Sofala e Manica, zona centro, que já causaram pelo menos 11 mortos desde Agosto deste ano, acontecem num reduto da Renamo, onde os guerrilheiros se confrontaram com as forças de defesa e segurança moçambicanas e atingiram alvos civis e militares até ao cessar-fogo de Dezembro de 2016.

Oficialmente, o partido afasta-se dos actuais incidentes e diz estar a cumprir as ações de desarmamento que constam do acordo de paz de 06 de Agosto deste ano, mas o grupo liderado por Mariano Nhongo (considerado “desertor” pela Renamo) permanece entrincheirado, reivindicando melhores condições de desmobilização.

 (Correio da manhã de Moçambique)

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