Moçambique e Zimbábue

Moçambique e Zimbábue vão procurar reactivar ainda este ano as reuniões das comissões mistas de análise dos temas de interesse comum aos dois países.

Este anúncio foi feito este sábado em Harare, capital do Zimbabwe, pelos dois presidentes, no final de uma reunião entre ambos.

“Passámos em revista a nossa cooperação”, que “tem de ser sempre alimentada”, e “vamos ver se retomamos as comissões mistas entre Moçambique e Zimbábue”, referiu Filipe Nyusi, chefe de Estado moçambicano e presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), durante uma deslocação realizada sábado a Harare.

O estadista moçambicano recordou que a segunda reunião do género decorreu em 2013 e que, “se possível, este ano” haverá um novo encontro.

Uma ideia partilhada pelo Presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, em declarações feitas ao lado de Nyusi, à margem de um encontro à porta fechada entre ambos.

Na reunião foram discutidos dossiês de cooperação e desenvolvimento entre os dois países fronteiriços, assim como o conflito armado em Cabo Delgado, Norte de Moçambique.

Sem detalhes sobre a discussão do tema, Filipe Nyusi referiu aos jornalistas que a violência ou qualquer outro problema não pode travar o debate sobre o progresso.

“Nós não podemos resolver um problema, o segundo ou o terceiro [problema]. Temos de resolver tudo ao mesmo tempo: temos o terrorismo, mas o desenvolvimento não pode parar”, concluiu.

Na despedida, Nyusi apontou para um reencontro com Emmerson Mnangagwa em Maputo, durante a cimeira extraordinária da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que deverá ser agendada até 20 de Junho.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, com alguns ataques reclamados pelo grupo terrorista Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes segundo o projecto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.

O número de deslocados aumentou com o ataque contra a vila de Palma em 24 de Março, uma incursão que provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.

A fuga de Palma continua e já provocou perto de 68.000 deslocados.

As autoridades moçambicanas anunciaram controlar a vila, mas os tiroteios têm se sucedido e a situação levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico na próxima década.

Redactor

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