Moçambique em elevado risco de haitização – gangs à solta

A não ser que se faça algo relevante rapidamente, Moçambique corre um elevado risco de seguir o trilho hoje perseguido pelo do Haiti: desde a eclosão das manifestações a pretexto de reclamar os resultados das eleições em 24 de Outubro que grupos oportunistas se aproveitam do cenário para agredir, violar, extorquir e saquear, entre outras barbaridades.

Hoje, décimo dia – não consecutivo dessas manifestações, foi o pico de selvajaria, com mortos, destruições, saques e muito mais, actos protagonizados por alguns agentes das Forças de Defesa e Segurança (FDS) e oportunistas que se aproveitam das manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane que contesta os resultados até agora oficialmente anunciados do pleito de 09 de Outubro.

O centro da capital moçambicana, cidade de Maputo, apresentava hoje ao fim do dia um rasto de destruição, com algumas barricadas de manifestantes, apoiantes de Mondlane e o Parido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) que foram travados pela polícia quando tentavam avançar sobre a presidência da República.

Nos confrontos foram lançados pedras e paus em abundância, com as FDS a responder com gás lacrimogéneo e disparos.

O Redactor constatou dezenas de focos de pneus e outros objectos em chamas ou em cinzas pelas ruas, embora com o trânsito já quase totalmente reposto em avenidas como Eduardo Mondlane e 24 de Julho, no coração da capital moçambicana, após a intervenção dos bombeiros.

Até ao início da tarde, diversos grupos de manifestantes distribuíram-se pela cidade, respondendo ao apelo de Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de Outubro, e acabaram por vandalizar vários equipamentos públicos, desde semáforos a painéis publicitários, atirando pedras e garrafas à polícia, que travava o seu avanço.

O cheiro a queimado e a gás lacrimogéneo sente-se em várias ruas da cidade, praticamente desertas ao início da noite, com todo o tipo de espaços públicos e privados encerrados, como no resto do dia.

O rasto de destruição compõe-se ainda por pedras de todos os tamanhos, contentores do lixo de todas as dimensões e paus espalhados por várias ruas, e a insegurança que se sente na cidade faz com que as regras de trânsito sejam praticamente esquecidas pelos poucos condutores que arriscam sair, com receio de serem apanhados entre manifestantes e a polícia.

Ao início da noite, a polícia ainda percorria ruas a lançar gás lacrimogéneo para dispersar pequenos grupos ou a realizar detenções, alegadamente relacionadas com o saque e vandalização durante a manhã, em dois estabelecimentos comerciais do centro de Maputo.

Na entrada do bairro da Maxaquene permanecia, tal como acontecia desde as primeiras horas da manhã, um grupo de dezenas de manifestantes que não passaram para o centro da cidade devido à barreira policial ali criada, e a avenida Vladimir Lenine, que cruza aquela área, continuava cortada e ocupada por populares e pneus em chamas.

Manifestantes simulando funeral do partido Frelimo

Um vaivém permanente de viaturas policiais e militares, com agentes a dispararem gás lacrimogéneo e tiros para o ar, mantinha-se, sobretudo nas avenidas Joaquim Chissano e Julius Nyerere, principais entradas e saídas da cidade.

Durante a tarde, um grupo de manifestantes que pretendia regressar a casa acabou sendo escoltado na rua por militares, sem incidentes, o que valeu os aplausos de quem se encontrava na zona da praça da Organização da Mulher Moçambicana.

A circulação em toda a zona envolvente da Presidência da República permanece cortada e nas imediações do Palácio da Ponta Vermelha, residência oficial do chefe de Estado, é visível um forte aparato militar, mas sem qualquer incidente conhecido.

Em várias zonas suburbanas da cidade continua a haver relatos de manifestantes desmobilizados pela ação da polícia.

Diversas infraestruturas, incluindo 14 barracas [edifícios erguidos para exercício de pequenas e/ou médias actividades comerciais] e uma sede local do partido Frelimo foram destruídas por fogo, presumivelmente posto por manifestantes, na cidade de Nampula, a terceira mais importante situada no Norte de Moçambique.

Redactor

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Revista Prestígio de Setembro/Outubro de 2024

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