Moçambique fora do périplo do chefe da diplomacia russa
Moçambique não está incluído no draft do itinerário que o chefe da diplomacia russa, Sergey Viktorovich Lavrov, pretende efectuar nos próximos dias a África, mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia tudo faz para que Angola aceite receber o seu diplomata número um.
Polina Zhukova, adida de imprensa da embaixada da Rússia em Maputo disse ao jornal Redactor que “por enquanto” Lavrov não tenciona visitar Moçambique.
Alegadamente em homenagem ao espírito e letra da Constituição da República de Moçambique, oficialmente, Maputo adopta uma postura neutral relativamente à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, iniciada em 24 de Fevereiro de 2022.
É neste contexto que Moçambique se considera, inclusivamente, em melhor posição para servir de teatro de eventuais negociações entre a Rússia e a Ucrânia (Redactor N° 6449, págs. 1 e 2) para terminarem o conflito que pela primeira vez conheceu 36 horas de putativas tréguas entre as 12 sexta-feira e sábado (06 e 07 deste Janeiro) passados por ocasião do Natal Ortodoxo.
Em meados de 2022 diplomatas russos e ucranianos visitaram, quase em simultâneo, Moçambique, em busca de apoio diplomático de Moçambique, apesar do Governo de saberem que o Governo de Filipe Jacinto Nyusi pauta, oficialmente, pela neutralidade ante a disputa entre Kiev e Moscovo.
A embaixadora da Ucrânia em Moçambique, com residência em Pretória, África do Sul, Liubobov Abravitova, deslocou-se a Maputo, tendo sido recebida pela ministra do Interior, Arsénia Massingue, e depois pelo chefe de Estado, Filipe Nyusi.
No final do encontro com Nyusi, Abravitova declarou à media que “agradeceu a posição que Moçambique está a ter no conflito” entre a Rússia e a Ucrânia.
Um dia depois da visita de Abravitova, chegou a Maputo Valentina Mathienko, a presidente do Conselho Federal da Rússia, tendo sido recebida no Parlamento pela presidente da Assembleia da República, Esperança Laurinda Francisco Nhiuane Bias.
Nessa oportunidade Esperança Bias fez se acompanhar por representantes das três bancadas parlamentares (Frelimo, RENAMO e MDM), tendo assinado um memorando para reforçar as relações bilaterais com o Senado russo.
“As nossas relações [entre Moçambique e a Rússia – que herdou o histórico da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS], remontam ao tempo da luta de libertação nacional e essas relações se mantêm até hoje”, recordou, a segundo figura mais importante de Moçambique.
“Durante as nossas conversações acordamos que a Rússia vai providenciar mais bolsas de estudo para moçambicanos em diferentes áreas, para além daquelas onde os moçambicanos já estão a ser formados” realçou Esperança Bias.
Meses volvidos – em Novembro -, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Manuel José Gonçalves deslocou-se à Rússia, oficialmente ao abrigo do acordo bilateral de missão mista de cooperação que foi assinado em 2016.
“As nossas relações com a Rússia são históricas, muita a parte deste contexto do conflito Rússia – Ucrânia. Temos relações históricas ligadas à área militar, inclusivamente a questão do terrorismo”, conforme realçou, na altura, Manuel Gonçalves
Rússia/Angola
O interesse da Rússia em fazer com que Lavrov escale Luanda na digressão em preparação está a preencher a agenda do embaixador de Moscovo em Luanda, Vladimir Tararov, que, inclusivamente, se reuniu com o ministro dos Negócios estrangeiros de Angola, Téte António, em 23 de Dezembro de 2022.
O interesse da Rússia por Angola é conhecido e crescente. Quando em Julho de 2022 Lavrov visitou alguns países africanos tentou, sem sucesso, escalar Luanda, que no início do conflito russo-ucraniano adoptou uma posição aparentemente neutralidade, mas de facto mais alinhada com a Rússia.
Esta postura de Angola viria mais tarde a ser abandonada, em nome de uma maior aproximação aos Estados Unidos da América.
Redactor
Este artigo intitulado foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 09 de Janeiro de 2023.
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