Moçambique parece pior
Moçambique parece pior – Sim. É isso mesmo: Moçambique parece pior que a própria selva, porque esta [a selva] se diz que tem um “rei”, o senhor leão.
Este local chamado Moçambique parece um monumento em homenagem à máxima que diz que a felicidade do pobre dura pouco, senão vejamos:
– Alegadamente para “mitigar o impacto da subida de preços” do crude a nível mundial, o Governo moçambicano anunciou, na terça-feira, dia 15 deste Março, uma redução de taxas, custos e outros valores associados ao preço dos combustíveis.
Há quem se precipitou e andou por aí a celebrar e elogiar o Governo e a Autoridade Reguladora de Energia (ARENE) e, para embelezar ainda mais, até traçou, de forma elogiosa, os perfis dos novos titulares dos pelouros governamentais da Economia e Finanças e dos Recursos Minerais e Energia.
Mas como a alegria do pobre dura pouco mesmo, no dia seguinte, 16 deste Março de 2022, a ARENE anunciou brutais subidas dos preços dos combustíveis, que vigoram desde 17 de Março corrente.
Para não variar, a alegação oficial foi a alta do custo do crude no mercado internacional, devido às operações especiais desencadeadas pelas forças armadas da Rússia na Ucrânia.
E porquê digo que Moçambique parece pior que a própria selva?
É que no auge da pandemia da covid-19, em meados de 2020, por exemplo, o preço do petróleo WTI oscilava entre os 19 dólares norte-americanos nos mercados internacionais – os mais baixos desde 2002 –, a mexida executada nos preços locais foi tão ténue que apenas serviu para marcar a pauta, a saber:
– A preço do litro da gasolina passou de 64,22 para 62,50 meticais
– O preço do litro do gasóleo desceu de 58,95 para 57,45 meticais,
– O preço do litro do petróleo de iluminação caiu de 45,24 para 43,24 meticais
– O preço do quilo do gás comprimido (GNV) passou de 30,35 para 30 meticais.
Agora que se tem um [novo] argumento para aumentar os preços, a operação foi mesmo a doer:
– O preço do litro da gasolina incrementou de 69,94 meticais para 77,39 meticais
– O preço do litro do petróleo de iluminação aumentou de 47,95 meticais para 50,16 meticais
– O preço do litro de gasóleo passou de 61,71 meticais para 70,97 meticais.
– O preço do quilo do gás de cozinha (GPL) passou de 71,2 meticais para 80,49
– O preço do gás natural veicular (GNV) galopou de 32,69 meticais para 37,09 meticais.
Mas daqui para aqui mesmo? Será que já estamos a consumir combustíveis importados em tempo de tensão na Europa Oriental. Não era suposto estarmos a consumir combustíveis de Dezembro de 2021 ou Janeiro de 2022?
Não será, este, um simples aproveitamento para sugar ainda mais as pobres economias do cidadão pacato? É que as operações especiais das forças armadas da Rússia na Ucrânia começaram em 24 de Fevereiro deste 2022. Não passa sequer um mês.
Não era suposto existir algumas reservas internas para servir de “almofada” para pelo menos uns três meses?
É que com os níveis de [falta/frágeis] controlo/fiscalização que se conhecem, não tardará, já hoje mesmo, começar o galope de outros preços em cascata de quase tudo e, uma vez mais, quem suportará a factura mais pesada é o pobre cidadão trabalhador, principalmente aquele que vive em zonas mais recônditas.
Atenção que, por exemplo, em Zumbo, na província central moçambicana de Tete, o litro de gasolina custa agora 85,57MZN, ou seja, para adquirir dez litros o cidadão terá de desembolsar nada mais nada menos que 855,70 MZN!
Estamos entregues!
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado intitulado “Moçambique parece pior que a própria selva” foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 18 de Março de 2022, na rubrica EDITORIAL.
Caso esteja interessado em passar a receber o PDF do Redactor favor ligar para 21 305323 ou 21305326 ou 844101414 ou envie e-mail para correiodamanha@tvcabo.co.mz
Também pode optar por pedir a edição do seu interesse através de uma mensagem via WhatsApp (84 3085360), enviando, primeiro, por mPesa, para esse mesmo número, 50 meticais ou pagando pelo paypal associado ao refinaldo@gmail.com.
Gratos pela preferência