Muro: RSA/Moçambique
Muro – Circularam semana passada notícias e fotos indicando uma suposta obra de construção de muro entre África do Sul e Moçambique para alegadamente estancar roubo ou furto de carros de luxo e outras mercadorias no território sul-africano que são depois levados para venda em Moçambique a preço de banana.
As primeiras notícias de construção do muro de betão entre os dois países surgiram há três anos, ou seja, em 2017 na África do Sul, mas na altura o governo sul-africano desmentiu tudo (Correio da manhã Nº 4982 de 03 de Fevereiro de 2017).
O então presidente Jacob Zuma deslocou-se a província de Kwazulu-Natal para apaziguar os ânimos da população que exigia a construção do muro. Zuma prometendo que ia falar com o seu homologo moçambicano para travar o crime transfronteiriço.
Entretanto, em Março deste 2020 consta que o plano foi posto em papel e tudo indica está em marcha.
De acordo com algumas publicações, a construção do muro está em curso e com orçamento definido.
As publicações citam o governo sul-africano como tendo afirmado que a obra começou na zona de fronteira de iSimangaliso Westlands Parks e vai terminar em Tembe Elefante Park, na província de KwaZulu-Natal
O regime do apartheid colocara arame farpado electrificado para na linha de fronteira entre os dois países para impedir a travessia de guerrilheiros do Congresso Nacional Africano (ANC), da África do Sul para Moçambique onde tinham apoio do governo na luta contra o sistema racista.
A electrificação foi desactivada logo depois da queda do apartheid em 1994 e os dois países estabeleceram relações diplomáticas elevando a sua amizade e cooperação para alto mar.
A olho nu, as relações entre os dois países são excelentes, mas a violência sistemática de xenofobia contra estrangeiros, incluindo moçambicano, têm beliscado publicamente o considerado relacionamento político e económico excelente.
Em 2008, alguns moçambicanos foram brutalmente assassinados por sul-africanos. A figura emblemática da brutalidade foi o moçambicano Alfabeto Nhanwave, do distrito de Homoine, província de Inhambane, queimado vivo e cuja foto do corpo em chamas percorreu o mundo.
Em 2015, durante outra onda de violência de xenofobia foram assassinadas pelo menos 10 pessoas, incluindo Emmanuel Sithole morto a faca por jovens sul-africanos no bairro de Alexandra, em Joanesburgo.
A crónica do Rancor do Pobre foi escrita no dia em que Moçambique assinalava 34 anos da morte nas colinas sul-africanas de Mbuzine do fundador do Estado moçambicano, Samora Moisés Machel, num acidente de aviação provocado pelo regime do apartheid em 1986.
Moçambique pagou caro a liberdade dos sul-africanos: assassinado do seu presidente, ataques das forças do apartheid na Matola e apoio militar e moral à RENAMO.
A xenofobia em crescendo e a suposta construção de muro de betão por parte da África do Sul na linha de fronteira com Moçambique enervam o espírito de camaradagem e de boa vizinhança pelo qual Samora se bateu e morreu em Mbuzine.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 21 de Outubro de 2020, na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE
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