Mutamba: Desinteligências
Mutamba: Foi conturbada e inconclusiva uma reunião promovida pelas autoridades de Inharrime, no passado dia 18 de Outubro deste 2019, para, juntamente com as comunidades locais, debater a possibilidade da entrada em actividade, na região, de uma firma ligada à exploração de areias pesadas.
Alguns dos participantes na reunião, que contou com a presença de aproximadamente 250 pessoas, contaram ao Correio da manhã que a mesma foi “altamente conturbada e inconclusiva”, com a maioria dos residentes a se mostrar contrária à possibilidade de acolher tal empreendimento na sua zona residencial.
“Matilda Minerals”, alegadamente de capitais dominados por chineses, é a companhia que, segundo as nossas fontes, se está a movimentar na zona com o propósito de explorar areais pesadas.
Os nossos informantes salientaram o facto de muitos nativos presentes no encontro não terem evidenciado disponibilidade, sequer, para ouvir os esclarecimentos sobre eventuais vantagens da instalação da mineradora, alegando terem “notícias de experiências desagradáveis em todos os locais onde chineses desenvolvem actividades industriais”.
Teriam sido infrutíferos, inclusivamente, os esforços do administrador do distrito de Inharrime, sul da província meridional moçambicana de Inhambane, Lucas Simbine, para se dirigir aos presentes, devido às constantes vaias sempre que o governante se preparava para argumentar.
Foram infrutíferos os esforços desencadeados pelo Correio da manhã para ouvir a versão do Administrador sobre os factos relatados.
Apesar de lacónica, uma fonte da Administração de Inharrime confirmou, em contacto com o Correio da manhã, a realização da reunião no passado do 18 deste Outubro, que, conforme disse, saldou-se num “impasse”.
De acordo com fonte do Governo da província de Inhambane, de facto há registo de ocorrência de areias pesadas nos distritos costeiros e meridionais de Jangamo e Inharrime, decorrendo ainda actividades de prospecção para se determinar as quantidades exactas e estimar o respectivo valor comercial.
Conforme indicação do informador em alusão, esses esforços estão de facto a cargo da “Matilda Minerals”, que, alegadamente “para se ajustar à realidade local”, adoptou a designação de “Mutamba”.
Segundo a fonte do governo da província de Inhambane, os trabalhos já em marcha consistem na montagem de “uma pequena planta experimental”.
Acrescentou que a comunidade local já regista ganhos da presença da “Mutamba” na zona, uma vez que a empresa já patrocinou a abertura de “vários furos de abastecimento de água, oferece e continua a oferecer carteiras escolares, apoia projectos agrícolas, basicamente em iniciativas dedicadas à produção de ananás, mudas de coqueiro entre outras culturas”.
A fonte que temos estado a citar diz ter fé que mais esforços poderão ser desencadeados em benefício das comunidades das proximidades dos locais onde a “Mutamba” * vai desenvolver as suas actividades depois da obtenção, por esta firma, das devidas licenças de exploração através dos acordos de desenvolvimento local.
(Correio da manhã de Moçambique)
NE:
* Mutamba: nome de um rio de areias escuras, cujo nome é idêntico ao respectivo, e árvore com abundantes exemplares em Jangamo, havendo uma de envergadura excepcional, que confere algum mito a esta espécie.
Desta árvore pode se extrair fios para a cobertura de palhotas e para a preparação de colmeias tradicionais.
As areias do Rio Mutamba são aproveitadas pelos locais para o fabrico de tijolos e outros produtos da mesma família que asseguram sustento a muitas famílias.
(Fonte: David Menete, líder comunitário)
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição N° 5685, 31 de Outubro de 2019.
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